Anais DCIMA Final-1

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Neste ponto é interessante dar atenção ao vocábulo utilizado pelo escritor logo no início da citação
acima destacada. O autor faz uso da expressão “pieuvre”. Esse termo fora cunhado pela primeira vez na
literatura pelo francês Victor Hugo referindo-se a polvo, utilizando-se do dialeto francês Dgèrnèsiais, em lugar
do vocábulo corrente “poulpe”, em sua obra “Les Travailleurs de la Mer”, romance publicado em 1866 em
dedicação à Ilha de Guernsey, local onde o escritor teria vivido em exílio. Logo no prólogo da obra, Victor
Hugo, apresenta o que para ele seriam as três lutas do homem: a religião, a sociedade e a natureza. Aponta
ainda que Os Trabalhadores do Mar destinar-se-ia ao terceiro: o embate homem x natureza, sendo pois uma
luta com o obstáculo em forma de elemento (HUGO, 1982, p.11)
A narrativa do romance gira em torno da personagem Gillliatt, jovem à margem das benevolências da
sociedade que motivado pela promessa de casamento por parte da jovem Deruchette, o que daria para aquele
que conseguisse recuperar o motor a vapor do navio de seu pai Lethierry, descreve o embate desse jovem com
um imenso polvo, dentro de uma caverna no rochedo. Em Victor Hugo tem-se o encontro de Gillliatt com a
criatura:
De repente, sentiu-se que lhe agarravam o braço. O que ele experimentou, nesse
momento, foi o horror indescritível[...] Bruscamente uma larga viscosidade
redonda e chata saiu de dentro da rocha. Era o centro; as cinco ligaduras
prendiam-se a ele, como raios a um eixo; distinguiam-se do lado oposto daquele
disco imundo o começo de outros três tentáculos, presos no fundo do buraco. No
meio dessa viscosidade havia dois olhos. Olhavam eles para Gillliatt. Gillliatt
reconheceu que era uma pieuvre. (HUGO, 1982, p. 328-329)
Essa referência de Euclides da Cunha, ao termo usado por Victor Hugo, evidencia a leitura por parte
do escritor fluminense do texto hugoano, aspecto, aliás que reflete a educação positivista do autor, essa
referência a autores franceses pode ser percebida em seus escritos em Ondas. No Brasil, a primeira tradução
de Les Travailleurs de la Mer, foi feita pelo então jovem Machado de Assis, ainda em 1866.
4. Seringueiro: o Gillliat da Hileia euclidiana
É consenso a atenção dada ao seringueiro por parte de Euclides da Cunha. Essa questão pode ser vista
em dois aspectos: primeiro, esse trabalhador da floresta seria o mesmo sertanejo outrora visto pelo autor em
sua cobertura dos momentos finais da guerra de Canudos; em segundo, a situação de exploração a qual esses
eram submetidos encontrou reverberação na escrita sob forma de denúncia euclidiana. Pela interpretação de
Piza (2010, p.64):
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