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Anais DCIMA Final-1

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Página 371<br />

madeireiros, o que provoca vários confrontos e alguns deles são mostrados pelo documentário feito pela Vice<br />

News.<br />

O documentário começa com a fala dos indígenas com a legenda traduzida para o inglês - o que já<br />

sugere para quem essa produção é feita. Os Tembé estão segurando armas de grande poder de fogo em meio<br />

à floresta, pintados e trajando acessórios como se estivessem a caminho de uma guerra.<br />

Podemos, com a primeira parte do documentário, rememorar outros documentários, programas<br />

sensacionalistas ou filmes com a temática do horror que são editados com recortes de fala e imagem, sempre<br />

com o intuito de mostrar e grifar o terror, a violência e a monstruosidade, neste caso, produzidos pela ação dos<br />

Tembé. As edições das imagens e das trilhas obedecem ao que Foucault denomina como ordem discursiva.<br />

Suponho que em toda sociedade a produção do discurso é ao mesmo tempo<br />

controlada, selecionada, organizada e redistribuída por certo número de<br />

procedimentos que têm por função conjurar seus poderes e perigos, dominar seu<br />

acontecimento aleatório, esquivar sua pesada e temível materialidade<br />

(FOUCAULT, 1970. 33)<br />

O discurso deste documentário se constitui por meio de procedimentos de controle que atravessam as<br />

conexões sociais e históricas. Diante do grande arquivo que é a internet, é possível recuperar, com certa<br />

facilidade, outros documentários históricos com a temática de conflitos, porém, as informações dos sites<br />

desaparecem ou são modificadas com a mesma velocidade que são publicadas, configurando o caráter líquido<br />

(BAUMAN, 2001) dos discursos, com rápido apagamento dos enunciados.Os discurso mostrados nesse<br />

documentário só é um reforçamento de que as sociedades indígenas não possuem uma causa lógica para a<br />

proteção das terras e querem a posse apenas como um grande latifúndio sem utilidade.<br />

Diante disso, para as sociedades indígenas, falar da terra não se trata de uma questão apenas territorial,<br />

nela é imposta um valor simbólico que exige, necessariamente, a articulação de ordens heterogêneas (história,<br />

memória e língua) para que seja possível uma análise que considera a terra como uma prática discursiva que<br />

busca explicar como os interdiscursos e intradiscursos se articulam para formar efeitos de sentidos para a<br />

sociedade indígena.<br />

4. Considerações Finais<br />

A história do povo indígena brasileiro anda de “mãos dadas” com os conflitos gerados pela posse da<br />

terra. Talvez, o maior desafio desse trabalho tenha sido o de discutir o assunto da terra indígena, pelo viés<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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