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Anais DCIMA Final-1

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Página 685<br />

Ocidental, o alfabeto teria sido criado pelos fenícios, tendo sido levado para a Grécia por volta do século VIII<br />

a.C. Os gregos então passam desenvolver sua cultura não só pela oralidade, mas passam a ver no texto escrito<br />

instrumento de sistematização do pensamento, cabendo ao indivíduo o domínio da arte de bem escrever.<br />

Fixando-se na tradição clássica grega, a palavra, ou seja, a linguagem passa também a ser objeto de<br />

discussão dos filósofos. Um exemplo desse aspecto está contido na obra Fedro, de Platão. Fedro, assim como<br />

outros textos do autor é construído em forma de diálogo, característica comum da obra platônica. Considerado<br />

continuação de “O Banquete”, onde discute-se as formas do amor, em Fedro, pode-se verificar a atenção dada<br />

ao papel da linguagem, a partir do diálogo entre o jovem Fedro e Sócrates. Em síntese, nesse texto tem-se a<br />

linguagem tomada em três aspectos: como remédio; veneno e cosmético.<br />

Platão associa a linguagem a uma porção, ou seja, seria um pharmakon. Segundo o autor, enquanto<br />

remédio, a linguagem funcionaria para curar os indivíduos, tirando-os do estado de ignorância, ou seja, a<br />

ausência do conhecimento. No segundo aspecto, portanto como veneno, a linguagem estaria vinculada ao<br />

convencimento, persuasão, por vezes levando o outro a agir fora de princípios éticos ou morais. No terceiro<br />

ponto, a linguagem como cosmético estaria vinculada à estética, o belo, o que poderia ser associado à poesia<br />

e seus aspectos figurativos, de imitação. (CHAUÍ, 2000, p.173)<br />

Observando este terceiro aspecto presente no texto platônico, o entendimento da linguagem como<br />

“máscara”, portanto o escritor ao lançar mão do texto poético, estaria no campo do disfarce, na medida que<br />

estaria fazendo uso da figuração, dentre eles a metáfora como recurso de construção textual. Essa questão da<br />

imitação, da cópia, Platão reserva capítulo da República, onde defende que em uma cidade ideal não haveria<br />

espaço para os poetas, a despeito de corromper a juventude, desvirtuando-os do ideário militar.<br />

Ao tomar o último viés depreendido do diálogo Fedro, o da linguagem como beleza, não seria dúbio<br />

associar a beleza do texto com a boa arte de escrever. Nesse aspecto, poder-se-ia inserir a metáfora como um<br />

componente da produção de um texto, de acordo com a intenção do sujeito produtor do referido texto. Para o<br />

debate, o estudioso D’Onofrio (1995) em “Teoria do texto 2” oferece importantes considerações a respeito do<br />

tema.<br />

Segundo o autor, num sentido amplo, a metáfora seria onipresente princípio da linguagem<br />

(D’ONOFRIO, 1995. p.38). Essa referência evidencia o aspecto associativo muito comum de comunidades<br />

primitivas que aproximariam dois substantivos. Para o autor:<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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