30.10.2017 Views

Anais DCIMA Final-1

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Página 569<br />

que, umas, os ventos atiram no solo, sem vida; outras, brotam<br />

na primavera, de novo, por toda a floresta viçosa.<br />

Desaparecem ou nascem os homens da mesma maneira.<br />

(HOMERO apud ASCHAR, 1994, p.61)<br />

Tais versos trazem a comparação entre a duração da vida e as folhas de uma árvore. Assim como<br />

acontece com as folhas que nascem, crescem e caem ao solo secas e sem vida em um curto espaço de tempo,<br />

acontece com a geração dos homens, que possuem um caráter perecível.<br />

Arquíloco faz uso do lugar-comum quando expressa “o homem inteiramente efêmero, isto é, sujeito<br />

ao dia e exposto a suas vicissitudes”, Mimnermo faz uso dos polos juventude/velhice e orienta o ouvinte a<br />

contemplar a juventude, sob pena da chegada da velhice que chegará e trará limitações.<br />

2. Preservação do topos na poesia de língua portuguesa:<br />

2.1 – Classicismo:<br />

E nós, quais as folhas que produz o tempo da primavera florida, quando depressa<br />

viçam os raios do sol, assim por um breve momento gozamos das flores da<br />

juventude, nada sabendo do mal e do bem dos Deuses. Mas as negras Queres já<br />

estão próximas, uma com o termo da penosa velhice, a outra com o da morte:<br />

breve é o fruto da juventude, tanto quanto o espraiar-se do sol sobre a terra.<br />

(MIMNERMO, apud ACHAR, 1994, p. 68).<br />

O uso do topos também é percebido na literatura de língua portuguesa na poesia de Luís Vaz de<br />

Camões, associando as tópicas às características de suas obras, como o amor, ente uma dualidade entre o amor<br />

platônico e a sensualidade, o desconcerto e a impotência entre a mutabilidade e efemeridade. Quanto a este<br />

último é possível notar a influência do topos da fugacidade da vida na poesia do autor que o liga, não fixamente<br />

à ideia romântica de criação relacionada ao ímpeto inteiramente pessoal, mas sim à tradição herdada.<br />

Se as penas com que Amor tão mal me [trata<br />

Permitirem que eu tanto viva delas,<br />

Que veja escuro o lume das estrelas,<br />

Em cuja vista o meu se acende e mata;<br />

E se o tempo, que tudo desbarata,<br />

Secar as frescas rosas, sem colhe-las,<br />

Deixando a linda cor das tranças belas<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!