Anais DCIMA Final-1

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Para Cândido (1995, p. 243), a literatura exerce um papel formador na vida dos indivíduos, por isso
tem sido incluída no currículo escolar há muito tempo, formando não segundo as convenções, “seria antes a
força indiscriminada e poderosa da própria realidade”. Mas qual realidade? A realidade de muitos estudantes
não é retratada nas obras literárias canônicas adotadas na escola, eis a necessidade de rever qual a melhor
forma de garantir o direito à literatura cuja representatividade do aluno se faça presente.
Para muitos pesquisadores a escola tem privilegiado um conteúdo distante do interesse e das ânsias
dos alunos. Esse é o caso de Zilberman (2012), que, ao tratar especificamente do ensino médio e a formação
do leitor, afirma:
[...] as escolas poderiam valorizar a cultura trazida pelo aluno, qualquer ela que
seja; e, a partir daí, fazê-lo entender a diversidade cultural. O ensino médio nem
sempre leva em conta a experiência de seu alunado, obrigando-o a absorver
conhecimentos científicos e técnicos de que ele abrirá mão assim que abandonar
essa etapa de sua educação formal. (ZILBERMAN, 2012, p. 212).
Dessa forma, é necessário alargar o conceito de literatura para além de um conjunto de obras clássicas
consagradas por uma elite e por um conjunto de instancias. A partir disso a escola poderá resgatar a literatura
expressiva de cada grupo, valorizando a cultura trazida por cada aluno e evitando o seu silenciamento.
Zilberman (2012) ressalta o papel do professor nesse cenário:
Nas atuais condições com que se desenvolve o ensino médio, compete ao
professor fazer essas escolhas, e sua posição não é confortável, pois uma opção
poderá representar a exclusão de tantas outras. A falta de transparência da
política de formação de leitores no ensino médio deixa o professor à deriva [...].
(ZILBERMAN, 2012, p. 214).
Em suma, a literatura precisa recuperar o seu prestigio na escola o qual sofreu sérios abalos desde a
LDB de 71. Percebe que as diretrizes ofertadas pelo governo reconhecem a importância do ensino da literatura,
seja para a formação de leitores, seja para valorização cultural, porém não habilitam o professor à prática.
Desse modo, tem-se nas diretrizes curriculares um obstáculo à valorização da literatura que, por consequência,
interfere na inclusão da literatura amazônica, uma vez que, quando mencionada a questão diversificada do
currículo ou o resgate à identidade cultural, não se diz o meio para realizar tal prática, deixando, assim, o
professor sem o direcionamento necessário para modificar seu método de ensino. Nesse sentido,
questionamentos levantados pelos PCNs precisam ser aprofundados, como a noção de literatura ou o
detalhamento da matriz diversificada. Conclui-se que é preciso analisar o distanciamento entre o que é
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