30.10.2017 Views

Anais DCIMA Final-1

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Página 51<br />

Quadro 5: Excertos relativos ao papel de trabalhadora<br />

• Ele não dá a pensão pro neném. Eu sofro demais pra<br />

mim trabalhar, Porque eu não confio de...eu tenho<br />

medo até de deixar o neném com alguém. Prefiro<br />

levar ele pro trabalho. (Bromélia)<br />

• Eu trabalho. (Dália)<br />

• Eu trabalho, mais (sic) de vendas. Assim, não fi-fixo,<br />

né? (Azaleia)<br />

• E eu, trab... E eu conheci ele trabalhando na praia. Eu<br />

sou revendedora, revendedora ambulante. Só parei<br />

por causa do meu neném. (Acácia)<br />

• É, vendendo,vendendo uns produtos.Aí, eu levo a<br />

criança comigo.Mas é um sofrimento pra ela,Porque<br />

ela poderia tá dormindo em casa, né? (Bromélia)<br />

• E eu não tô trabalhando por causa da...problema de<br />

saúde, Aí, eu catarata. Assim que eu resolver meu<br />

problema de saúde,eu querotrabalhar. Em nome de<br />

Jesus. (Gérbera)<br />

Fonte: Elaborado pelas autoras<br />

Revelando uma realidade de trabalho muito diversificada, a fala dessas mulheres vítimas de violência<br />

doméstica permite a constatação de que sua situação não difere daquelas de outras, com as mesmas dificuldades<br />

enfrentadas por mulheres pós-modernas que trabalham para seu sustento. As mães trabalhadoras levam seus<br />

filhos para o trabalho porque lhes faltam creches. Muitas trabalham fazendo “bicos”, porque não há mercado<br />

de trabalho suficiente para absorver essa mão-de-obra quase sempre pouco qualificada. As expressões mostram<br />

que todas valorizam o trabalho e veem nele uma forma de sair da situação difícil em que se encontram.<br />

Convém ressaltar que, em decorrência das transformações dos últimos séculos, as participantes do<br />

encontro reconheceram-se nos papeis tradicionalmente atribuídos à mulher, mas evidenciou-se a busca por<br />

atividade fora do lar, apesar de isso significar mais responsabilidades, mais tarefas a cumprir e o enfrentamento<br />

de uma rotina que, muitas vezes, as deixava extenuadas. Aquelas ainda fora do mercado de trabalho, formal<br />

ou informal, expressavam um desejo grande de ganhar sua independência e poder cuidar de seus filhos. Mesmo<br />

dependentes de seus agressores, lutavam para deixar sua rotina e respirar livremente, trabalhando e<br />

desenvolvendo atividades fora do âmbito doméstico.<br />

As manifestações reiteram que são, efetivamente, os papeis de mãe, esposa/ companheira, filha, cidadã<br />

e trabalhadora aqueles aos quais mais frequentemente se reportaram as mulheres que participaram desta<br />

investigação.<br />

Diante desses resultados, apresentamos, a seguir, nossas considerações finais.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!