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Anais DCIMA Final-1

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Página 665<br />

negro. Segundo Rodrigues (2012) a identidade do negro está intrinsecamente ligada à sua relação com o seu<br />

próprio corpo, que foram mantidos ao longo da história, valores e crenças negativas que tendem a depreciá-lo.<br />

Por conseguinte, o racismo o qual se vivencia na sociedade brasileira, que – de forma pungente -<br />

sobrepõe o corpo do negro diante do corpo do branco, fere definitivamente o percurso do negro e<br />

principalmente a construção da sua identidade étnico-racial.<br />

O estereótipo contribui para o distanciamento da identidade negra, que por muitos é distorcida ou,<br />

ainda, negada; nesse sentido, Moura explica como se dá tal distanciamento:<br />

O Brasil nos oferece a estranha imagem de um país de identidade inconclusa, já<br />

que, ao longo da história de nossa formação, continuamos a nos perguntar a todo<br />

momento sobre quem somos e, assim, o brasileiro, por falta de conhecer melhor<br />

a sua história, acaba por não ter condições de se identificar consigo mesmo. Na<br />

verdade, na escola é negado ao estudante o conhecimento de uma história que<br />

efetivamente incorporasse a contribuição dos diferentes estoques étnicos à<br />

formação de nossa identidade, com o agravante de que a história parcial ali<br />

apresentada como exclusiva é aquela dos vencedores, dos colonizadores ou, para<br />

precisar a afirmativa, história celebratória das classes econômica e politicamente<br />

mais bem sucedidas. (MOURA, 2005, p.78).<br />

Mediante, os fatos acima, existe um apanhado de obras nas quais podemos encontrar esse enlace<br />

cultural afro brasileiro, que não contempla a visão estereotipada do negro, mas que busca, sobretudo,<br />

descortinar a sua cultura, revelar personagens que ocupam posições sociais importantes; encontramos uma<br />

abordagem diferenciada nas obras: ‘O segredo das tranças e outras histórias africanas’, ‘O cabelo de Lelê’, ‘O<br />

baú de histórias’, e tantos outros que podem sim ser trabalhados com os discentes, a fim de valorizar e<br />

apresentar a real importância da cultura africana e seus aspectos imprescindíveis como a oralidade.<br />

Assim sendo, os discursos presentes nas Literaturas Africanas aparecem tanto pelo letramento quanto<br />

pelos processos de retextualização; é desse modo que se dá retextualização de gêneros orais em escritos<br />

presentes em algumas obras com as quais trabalharemos, como: “O segredo das tranças e outras histórias<br />

africanas” que foram recontadas pelo autor Rogério Andrade Barbosa; nesse livro estão reunidos contos que<br />

eram oralizados em países africanos de Língua Portuguesa, e que posteriormente foram reproduzidos de forma<br />

escrita.<br />

Reforçando, a retextualização para Marcushi (2010), compreende a uma abordagem mais ampla<br />

podendo ser da fala para escrita, entre outros. Utilizar a retextualização em sala de aula, é possibilitar que os<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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