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Anais DCIMA Final-1

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Página 407<br />

sua nova posição – deslocada ou descentrada – no interior do paradigma (HALL,<br />

2003, p. 105).<br />

O que significa afirmar, que se tratando de identidade, os EC comungam com a mesma perspectiva da<br />

AD ao abordarem o sujeito social como sendo disperso, fragmentado, múltiplo, da mesma forma que a<br />

identidade: “definida historicamente, e não biologicamente.” Ainda segundo Hall, a identidade torna-se uma<br />

"celebração móvel": formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos<br />

representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam (Hall, 1997a), isto é, as identidades são<br />

posicionamentos que assumimos, pois são históricas, materializadas em circunstâncias e experiências vividas.<br />

Como esta pesquisa se propõe a analisar o discurso midiático – uma vez que este segmento constitui<br />

práticas discursivas identitárias – dialogamos com o papel da cultura da mídia, enquanto (re)produtora de<br />

identidades.<br />

Assim, recorremos às reflexões do filósofo norte-americano Douglas Kelnner (2001) sobre a cultura<br />

da mídia e suas dominações. Ao teorizar sobre o papel que a cultura da mídia exerce sobre o indivíduo, este<br />

autor afirma que se (re)produzem novos modelos de identificação, estilo, moda, comportamento, práticas e até<br />

novos valores na sociedade.<br />

Há uma cultura veiculada pela mídia... Fornecendo o material com que as<br />

pessoas forjam sua identidade... A cultura veiculada pela mídia fornece o<br />

material que cria as identidades pelas quais os indivíduos se inserem nas<br />

sociedades tecnocaptalistas contemporâneas, produzindo uma nova forma de<br />

cultura global (KELNNER, 2001, p. 9).<br />

Outro estudioso que convém ressaltar nesta pesquisa, que pensa a identidade construída a partir da<br />

espetacularização midiática na pós-modernidade é o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que concebeu a<br />

efemeridade da identidade como reflexo da modernidade líquida (BAUMAN, 2005).<br />

Bauman afirma que as transformações na pós-modernidade tornaram a identidade e o senso de<br />

pertencimento (nacionalidade, local, territorialização) em categorias fluidas, líquidas, errantes, cambiantes,<br />

negociáveis. Para o autor, pensar a identidade é pensar o deslocamento, a desterritorialização:<br />

[...] nessa época líquido-moderna, o mundo à nossa volta está repartido em<br />

fragmentos mal coordenados, enquanto as nossas existências individuais estão<br />

fatiadas numa sucessão de episódios fragilmente conectados. [...] Consequência<br />

da instabilidade: todos pertencemos a várias comunidades e temos, por isso,<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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