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Anais DCIMA Final-1

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Página 672<br />

1. Breve Histórico Sobre A Cocaína<br />

Ao longo da história, as sociedades fizeram uso de drogas, seja em rituais religiosos ou para dar vazão<br />

às suas angústias. Há indícios de que populações da região amazônica brasileira já utilizavam uma espécie de<br />

cocaína chamada padu. Essa droga era extraída das folhas do Ipadu (Erythroxumcatarctume) e era utilizada<br />

como a cocaína em rituais religiosos indígenas (JOHANSON, 1988).<br />

Segundo Sigmund Freud (2011), para suportar as dores das demandas da vida é indispensável o uso<br />

de paliativos, dentre eles o lazer, as gratificações e as substâncias inebriantes que, segundo o autor, tornamnos<br />

mais insensíveis às angústias. “Sabe-se que com ajuda do 'afasta-tristeza' podemos nos subtrair à pressão<br />

da realidade a qualquer momento e encontrar refúgio num mundo próprio que tenha melhores condições de<br />

sensibilidade” (FREUD, 2011, p.22).<br />

A adicção a drogas é vista pelo sujeito como uma alternativa de restituição simbólica, em que ele vê a<br />

possibilidade de preencher a lacuna da sua perda de sentido (destituição simbólica) e amortecer as angústias<br />

das pressões sociais (Ceccarelli, 2011). Há, na contemporaneidade, o que Zygmunt Bauman (1998) chama de<br />

crise de identidade, que impulsiona ainda mais esse mal-estar. Em "Cadernos sobre o Mal", Joel Birman (2009)<br />

retoma o conceito de pulsão de vida e de morte adotado por Freud em "O Mal-estar na Civilização" e mostra<br />

que a cultura dos excessos contemporâneos está intrinsecamente ligada ao desequilíbrio entre pulsão de morte<br />

e vida: “De fato, sem a expulsão parcial da pulsão de morte, o psiquismo permanece passivo e submergido<br />

pelo excesso, destituído de instrumentos”.<br />

As Constituições Nacionais participam da construção da memória discursiva acerca da cocaína e<br />

ajudam-nos a entender a sociedade de cada época ao analisarmos as matérias dos jornais impressos do Grupo<br />

Folha entre 1933-2013. A Constituição de 1934 (Segunda República) deu-se quando o país era presidido por<br />

Getúlio Vargas, que convocou nova Assembleia Constituinte para redigi-la. Do ponto de vista histórico, esta<br />

Constituição traz mudanças significativas para o país, mas não há nenhuma menção específica sobre drogas<br />

em seu texto (PONTUAL, 2013).<br />

No Regime Militar (1964-1985), uma nova Constituição foi criada, com o poder executivo controlando<br />

o legislativo. Em um dos Atos Constitucionais (AIs) desse período, o AI 5, os meios de comunicação passaram<br />

a ser censurados. O art. 8º da Constituição de 1967 afirma ser de competência da União "organizar e manter a<br />

polícia federal com a finalidade de prover [...] a repressão ao tráfico de entorpecentes" (BRASIL, 1967). Mais<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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