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Anais DCIMA Final-1

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Página 327<br />

4. Considerações finais<br />

Os estudos sobre memória do movimento camponês contam com um grande campo de pesquisa. São<br />

documentos históricos, como fontes escritas e audiovisuais, narrativas que trazem à tona experiências vividas<br />

por trabalhadores e trabalhadoras rurais, suas impressões, sentimentos, lembranças de um período que foi<br />

superado pela marca cronológica do tempo, mas que, por outro lado, parecem apontar que ainda temos muito<br />

que evocar aos que foram mortos durante a luta pela terra, pois os dados ainda mostram um número alarmante<br />

de pessoas assassinadas através da violência no campo, do poder armado de fazendeiros, empresários, e da<br />

impunidade dos crimes. A dimensão do cuidado com a memória pretende refletir sobre como os episódios de<br />

violência, a impunidade e naturalização da mesma refletem nas produções subjetivas, e por sua vez na luta do<br />

movimento camponês.<br />

As narrativas dos trabalhadores e trabalhadoras que perderam por assassinato familiares e membros<br />

da luta camponesa pela terra, revelam o sentido dado por eles ao sofrimento vivido, trazendo a memória de<br />

seus familiares, como pessoas que não recuaram diante das ameaças e riscos de suas vidas e de seus familiares;<br />

eram pessoas que buscavam justiça social para si e para uma coletividade. Durante o ato realizado em protesto<br />

contra a violência e impunidade no caso da Chacina da Fazenda Ubá, consta uma fotografia da época, em que<br />

uma das familiares, com seu filho, Marina e Carlito, aparecem ao lado de uma placa com os nomes da vítimas<br />

e com a frase “Mortos pela terra vivem no nosso Meio”, evidenciando o caráter político da memória, em que<br />

os mortos são evocados, pois não passaram e não passarão, estão PRESENTES! Os mortos corporificam a<br />

resistência.<br />

Referências<br />

ASSMANN, A. Arquivo. In: ASSMANN, Aleida. Espaços da recordação: formas e transformações da<br />

memória cultural; trad. Paulo Soethe. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2011, pp. 366-371.<br />

BASTOS, D.F. Castanhal Ubá: violação de direitos humanos na Amazônia paraense. 2013, 234 f. Dissertação.<br />

Mestrado em Direito, Universidade Federal do Pará, Belém: 2013.<br />

BENJAMIN, W. Sobre o conceito de História. In: O anjo da história; organização de João Barrento. Belo<br />

Horizonte: Autêntica Editora, 2012.<br />

CAVALCANTI, K. Viúvas da terra, morte e impunidade nos rincões do Brasil. São Paulo: Planeta, (2004).<br />

COMISSÃO PASTORALDA TERRA. Conflitos no Campo Brasil 2015. Goiânia: CPT, 2016.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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