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Anais DCIMA Final-1

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Página 261<br />

observadas na dispersão histórica, para assim delinearmos o percurso discursivo assumido por estas diversas<br />

identidades que constituem os efeitos de sentidos do que é ser negra no Brasil. A partir deste ponto,<br />

organizamos as séries encontradas, demonstrando a evolução do processo discursivo, no que tange os diversos<br />

lugares assumidos pela mulher negra neste contexto. O trabalho apresenta, como aporte teórico, a Análise do<br />

Discurso de Linha Francesa (MAINGUENEAU, 1993, 2008, 2010, 2015), com especial atenção à categoria<br />

teórica do ethos discursivo, sob a perspectiva que os efeitos de sentidos irrompem a partir de enunciações que<br />

surgem como produtos de práticas discursivas que movimentam a história (CERTEAU, 1982).<br />

1. Abordagem teórica e metodológica<br />

Sob a esteira da Nova História, os saberes se apresentam como consequências inter-relacionadas à<br />

multiplicação das descontinuidades e os tipos e durações diferentes de acontecimentos, ou seja, um<br />

emaranhado de descontinuidades sobrepostas tecerá o arquivo disponível e necessário que norteará o<br />

entendimento da forma como as práticas discursivas, documentos e acontecimentos se imbricam produzindo<br />

discursos e subjetivações.<br />

Desta forma, as produções de um tempo são sintomas daquilo que as produziu, ou seja, discursos são<br />

produtos resultantes de práticas discursivas. Há de se considerar as condições de possibilidades, a fim de que<br />

este processo de produção saia da antiga concepção de causalidade. Não se busca a origem, mas as rupturas<br />

que tornaram possíveis a produção dessas mudanças. Nesta senda, De Certeau (1982) sinaliza:<br />

A partir desta base, a produção se diversifica segundo estas necessidades sejam<br />

ou não satisfeitas facilmente, é de acordo com as condições nas quais sejam<br />

satisfeitas. Sempre existe produção, mas "a produção em geral é uma abstração".<br />

Quando, pois, falamos de produção, trata-se sempre da produção num estado<br />

determinado da evolução social – da produção de indivíduos vivendo em<br />

sociedade. Por exemplo, nenhuma produção é possível sem um instrumento de<br />

produção...; nenhuma, sem trabalho passado, acumulado... “A produção é<br />

sempre um ramo particular da produção”. Enfim, "é sempre um corpo social<br />

determinado, um sujeito social, que exerce sua atividade num conjunto mais ou<br />

menos grande, mais ou menos rico de esferas da produção. ” (CERTEAU, 1982,<br />

p. 24)<br />

A História passa a ser uma razão que articula práticas e os discursos, então, como produtos dessas<br />

práticas, “autoriza a força que exerce o poder”. Indecifráveis, se forem vistos fora do caleidoscópio da História,<br />

os discursos enunciados figuram como o produto direto da relação entre História e as práticas.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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