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Anais DCIMA Final-1

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Página 573<br />

Que nos vai corroendo desde dentro<br />

(CARNEIRO, 2006, p.37)<br />

O poema desse autor primeiramente faz uma recapitulação das influências que parecem moldar o eulírico.<br />

A frequente visita que ele faz dos poetas que admira aparece nos versos três e quarto “Hoje me reconheço<br />

mais nos outros / Poetas que frequento desde sempre”. Nos versos seguintes “A face deles segue imperturbada<br />

/ Enquanto eu sofro as erosões do tempo” aparecem vestígios de uma outra” tópica do tempo, a do exegi<br />

monumentum ou perenidade da poesia também cristalizada em Horácio na ode 3.30 que eterniza o poema, o<br />

poeta ou a pessoa que se fala no poema, devido à maestria de confecção do poema. Aqui o eu-lírico venera a<br />

imagem dos que se espelhou fazendo com que a imagem deles seja imperturbada e se põe em um patamar mais<br />

abaixo, visto que sofre a força derruidora do tempo, mas que busca atingir ao mesmo patamar dos que um dia<br />

o influenciara.<br />

A partir desse ponto Carneiro liga, nos últimos versos, estruturas semânticas de dois topoi,<br />

relacionando o topos da perenidade ao da fugacidade da vida. Os versos findos trazem a ideia de finitude da<br />

vida ao descrever a morte e a ela aliar a característica de um ser vasto e corrosivo, ou seja, um ser de grande<br />

destaque e que se impõe de forma gradativa que vai nos corroendo por dentro de pouco a pouco.<br />

3. Conclusão:<br />

Curtius, filólogo alemão especialista em investigação tópica, traz no Literatura Europeia e Idade<br />

Média Latina a figura do topos como conservador da literatura ocidental e explana sua análise dessa<br />

conservação até o fim do século XIX. Este trabalho foi fruto de uma pesquisa, nos mesmos moldes utilizados<br />

por Curtius, investigação tópica (ou Toposforschung), porém agora para identificar o cultivo da literatura<br />

europeia na lírica contemporânea de língua portuguesa.<br />

Diante do exposto, podemos identificar vestígios da literatura europeia na lírica atual tomando como<br />

objeto de análise as poesias de Nelson Ascher e Geraldo Carneiro. Ambos poemas mesclam a tópica da<br />

fugacidade da vida a outras tópicas consagradas pela tradição, o primeiro relaciona o topos da fugacidade da<br />

vida ao carpe diem, aquele servindo de argumento para este, e o segundo o relaciona à perenidade da poesia,<br />

relacionando o estado efêmero do poeta antes de conseguir a consagração pela sua poesia.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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