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Anais DCIMA Final-1

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Página 368<br />

povo Tembé-Tenetehara. A segunda é uma entrevista sobre a TIARG cedida pelo cacique Naldo Tembé, o<br />

ponto principal é a disputa de terra que ocorreu entre os Tenetehara e um fazendeiro da região.<br />

Ambas narrativas trazem a terra como forma de vida para os Tenetehara, na primeira narrativa há uma<br />

significação da coragem, destemor, mas principalmente uma evocação de muitos espaços físicos, há muita<br />

presença de terra e quando o novo povo é criado ocorre o estabelecimento em um local especifico. Segundo o<br />

cacique Naldo Tembé, na década de 80 houve um empasse entre os Tembé, Kaapor e o SPI - Sistema de<br />

Proteção ao Índio, que não reconhecia mais os Tembé como um povo vivo-, essa confusão mobilizou os Tembé<br />

a saírem em busca de outro espaço para se alocarem e, de fato, construírem sua sociedade,<br />

Quando foi feito o posto de atração que é lá no Canindé, dentro da TIARG, e<br />

nessa época já tinha os índios, quem habitava no posto de atração era os Tembé<br />

ai os restantes dos outros Tembé estavam na área de confronto, entre Tembé e<br />

Kaapo, nessa época o pessoal do SPI começaram a dizer que não existia mais<br />

Tembé, que já tinham se acabado, em frente aos índios primitivos que eram os<br />

Kaapo, diziam que os Tembé não eram mais índios, ai os Kaapo passaram a dizer<br />

que os Tembé não faziam parte daquela terra e que deveriam partir para o<br />

Guamá, “atravessem o rio porque os parentes de vocês estão lá no Guamá, não<br />

é aqui, pois aqui é Kaapo.”<br />

Teve uma época que o SPI não reconhecia que o povo Tembé estava vivo. Um<br />

dia o Lourival cansou das brigas que estavam se sucedendo e tomou a iniciativa<br />

de atravessar o rio formando a aldeia que hoje é chamada de Tekowall, no fim<br />

da década de 80. (TEMBÉ, 2015).<br />

Só após a travessia do Rio Guamá é que os Tembé puderam afirmar que tinham seu próprio espaço, o<br />

espaço do povo Tembé-Tenetehara. Apesar de que a aldeia Tekowall, não foi a primeira, pois já existia naquela<br />

época a aldeia Cajueiro, identificada como a mais velha, no entanto, foi a partir desse deslocamento que os<br />

Tembé se consolidaram no entono do Rio Guamá onde reinam absolutos.<br />

Assim como aconteceu na narrativa contada pelo Cacique Naldo Tembé, em “Os gêmeos Mayra-Íra e<br />

Mucura-Íra e as onças”, o povo Tembé passa por um momento em que é necessário se realocar de espaço físico<br />

para que a posse definitiva da terra passe a ser concedida para eles, não falamos aqui da posse de terra ofertada<br />

pelo governo, mas da terra como posse de si mesmo, a terra é aqui representada como memória e que faz parte<br />

do corpo indígena.<br />

A narrativa contada pelos Tembé também começa com um deslocamento espacial,<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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