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Anais DCIMA Final-1

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Página 680<br />

2013<br />

Outro caso bastante divulgado pela mídia foi a grande quantidade de cocaína encontrada no helicóptero<br />

da família do senador Zezé Perrella, comprada com dinheiro público. No primeiro enunciado, o nome do<br />

deputado responsável pelo ocorrido não foi citado; porém, no segundo enunciado o nome do senador aparece,<br />

bem como o de seu partido político – o que mobiliza todo um discurso político, diferenciando os dois cotextos.<br />

No primeiro enunciado, o Legislativo é a instituição que age sobre o caso; já no segundo, a Anac<br />

(Agência Nacional de Aviação Civil) é citada.<br />

E31.”Após a revelação de que um deputado estadual usou verba indenizatória a que tem direito a<br />

Assembléia de Minas Gerais para abastecer um helicóptero apreendido com quase meia tonelada de<br />

cocaína, o Legislativo mineiro proibiu na quinta-feira o uso desses recursos com aeronaves.” (30 de<br />

novembro e 1º de dezembro de 2013, p. IM26, Folha de S.Paulo).<br />

E32. “A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) abriu investigação sobre irregularidades no uso<br />

do helicóptero da família do senador Zezé Perrela (PDT- MG), apreendido após transporte de<br />

quase meia tonelada de cocaína.” (30 de novembro de 2013, p. A8, Folha de S.Paulo).<br />

3. Considerações Finais<br />

Notamos que o período histórico e político de problematização das drogas dialoga com o número de<br />

aparições do lexema "cocaína" nos jornais impressos do Grupo Folha entre 1933 e 2013. Durante o Estado<br />

Novo (1937-1945) e os "anos de chumbo" do Regime Militar (1964-1985), por exemplo, quase não houve<br />

veiculação de notícias acerca do tema, muito provavelmente pela política de repressão a drogas e pela censura<br />

aos meios de comunicação. Já após os anos 1980, época do boom do consumo e da apreensão de cocaína no<br />

país, o número de páginas acerca da droga nos jornais analisados aumenta.<br />

De forma geral, identificamos a associação do usuário com seu nível de renda, da mesma forma que a<br />

do traficante com seu grupo social desfavorecido. A cocaína ainda é conhecida como "droga de rico". Contudo,<br />

nos enunciados analisados extraídos de 1933 a 2013, observamos que os seus usuários, independentemente da<br />

classe social a que pertencem, são entendidas pelos jornais impressos do Grupo Folha como pessoas viciadas.<br />

Também percebemos uma sutileza nos jornais ao retratar usuários ou vendedores de cocaína famosos ou com<br />

algum cargo político – ao contrário do que ocorre quando eles advêm de classes sociais mais baixas. No<br />

decorrer dos anos, percebemos a aparição de algumas expressões como "traficante" e "usuário" em substituição<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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