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Anais DCIMA Final-1

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Página 543<br />

Assim, retomando a análise de Mignolo, a construção da lei 43 de 1980 está no marco da geopolítica<br />

das tarefas intelectuais e projetos disciplinares, porque ela faz parte da constituição do imaginário do sistema<br />

mundial colonial/moderno. Onde os projetos globais estão fermentados nas histórias locais dos países<br />

metropolitanos, mas também, implementados, exportados e encenados de forma diferente em locais<br />

particulares (MIGNOLO, 2003).<br />

Nesse sentido Mignolo (2003) afirma que deve-se ter em conta as histórias e experiências marcadas<br />

pela colonialidade que logram estabelecer-se como dominantes e estão assentadas nas histórias e experiências<br />

da modernidade (e que constituem as narrativas hegemônicas que marcam a produção das Leis e as práticas<br />

do Estado). Aquilo permite pensar na proposta do paradigma outro que fala Mignolo ao dizer:<br />

El paradigma otro es, en última instancia, el pensamiento crítico y utopistico que<br />

se articula en todos aquellos lugares en los cuales la expansión imperial/colonial<br />

le negó la posibilidad de razón, de pensamiento y de pensar el futuro. Es<br />

paradigma otro en última instancia porque ya no puede reducirse a un paradigma<br />

maestro, a un paradigma nuevo que se autopresente como la nueva verdad.<br />

(MIGNOLO, 2003, P. 20)74.<br />

Assim, Mignolo tenta mostrar a necessidade de pensar o conhecimento como geopolítica e não como<br />

esse lugar universal ao qual todos têm acesso, mas onde poucos têm as chaves. Por isso, o pensamento crítico<br />

que surge deste paradigma outro pode ajudar a entender melhor as dinâmicas que são mostradas nos discursos<br />

e na produção de conhecimento que fazem os autores e as instituições ocidentais, porque consegue-se articular<br />

com esse conhecimento colonial.<br />

Nesse sentido se pode encontrar uma relação entre a proposta de Mignolo e a forma de mostrar como<br />

nos discursos podem se estabelecer formas de exclusão social. Um exemplo disso está no discurso do louco<br />

ou do “doente mental”, que a sociedade não compreende, e é considerado nulo porque não atende às exigências<br />

sociais. É nesse contexto que Foucault promove uma discussão sobre o fato de que os discursos sofrem<br />

influências de regras sociais, institucionais e detentoras de saber que, por sua vez, garantem aos discursos, o<br />

poder de serem aceitos como verdadeiros. Assim, Foucault declara que:<br />

74<br />

O paradigma outro é, em última instancia, o pensamento crítico e utópico que se articula em todos aqueles lugares nos<br />

quais a expansão imperial/colonial negou a possibilidade de razão, de pensamento e de pensar o futuro. É um paradigma<br />

outro em última instancia porque já não se pode reduzir num paradigma mestre, num paradigma novo que se autoapresente<br />

como a nova verdade. (Tradução nossa).<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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