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Anais DCIMA Final-1

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Página 296<br />

Aruanda” 40 , realizado em julho de 2016, no Sesc Boulevard 41 . A intenção inicial nessa participação era no<br />

sentido de ilustrar e esclarecer os diversos lugares-fonte das reflexões que pautavam nossa pesquisa. Nesse<br />

curso, tivemos a oportunidade de avançar em nossas reflexões a partir das incursões sobre o potencial do<br />

cinema africano nas questões sociais mais diversas possíveis. O pesquisador Mateus Moura mostrou, nesse<br />

curso, uma África pouco ou nada conhecida do grande público, tanto no seu modo de vida quanto nas relações<br />

sociais e nos recentes debates antropológicos, econômicos e políticos. As riquezas naturais do continente, além<br />

da miséria espetacularizada por cineastas como Ousmane Sembène e Djibril Diop Mambéty, permitiram a<br />

construção de “uma outra África” pelos participantes do curso. O que segue são algumas narrativas sobre os<br />

filmes e considerações acerca do potencial dialógico destas produções fílmicas.<br />

O primeiro filme projetado foi “O carroceiro” (1963), de Osmane Sembène. A obra mostra o cotidiano<br />

de um carroceiro em Dakar, suas dificuldades financeiras e o confisco de seu instrumento de trabalho, no caso,<br />

a carroça, no momento de circular nos bairros nobres daquela cidade. Dakar é dividida pelas fronteiras de<br />

classe, onde se percebe a exploração do trabalho e a desigualdade social. A obra reflete uma realidade próxima<br />

à brasileira, ou seja, a luta de classe existente na sociedade, as questões políticas, sociais e econômicas.<br />

Imediatamente imaginamos esse filme sendo debatido em contextos formais de ensino e servindo como ponto<br />

de partida para produzir discussões em torno da luta de classes.<br />

O outro filme exibido foi “Touki Bouki” (1973), do diretor senegalês Djibril Diop Mambéty. O filme<br />

retrata a vida de dois jovens de Dakar que estão desencantados com a miséria e sonham com uma vida de<br />

glamour na França e, com isso, realizam diversas tentativas para conseguir dinheiro, praticando, inclusive, atos<br />

ilícitos. O filme é marcado pelo ritual de iniciação, como a matança do boi e a substituição deste por uma<br />

motocicleta, o que reflete os novos meios de transportes que estavam sendo implantados àquela época e lugar.<br />

Pode-se considerar que a moto simbolizava não apenas uma substituição de algo no rito de passagem para uma<br />

vida adulta a partir de viagem, mas também a busca pela liberdade para os dois jovens. Seria, ainda, uma luta<br />

por romper com os padrões culturais impostos por sua comunidade? Por certo, estas questões foram suscitadas<br />

pelas dinâmicas presentes no filme.<br />

40<br />

O curso foi composto em formato cineclubista e contou com a participação de aproximadamente 20 pessoas. Com uma carga<br />

horária diária de 4 horas, a dinâmica contava com debate realizado após a exibição dos filmes. Contudo, alguns comentários eram<br />

feitos durante a projeção para maior aproximação com as imagens e temas relacionados à sociedade brasileira.<br />

41<br />

O Serviço Social do Comércio - SESC/Belém - Centro Cultural<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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