30.10.2017 Views

Anais DCIMA Final-1

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Página 697<br />

que, após a independência do Brasil e constituição do Amapá como estado federativo (após ser chamado de<br />

Guiana portuguesa), essa questão passa a ser tomada como estadual e não federal, pois não percebe-se maiores<br />

empenhos da federação quanto à problemática das migrações ilegais.<br />

Pela diferença de território ser demarcada apenas por um rio, não há discrepâncias físicas e geográficas<br />

entre um lugar e outro, o que já evita um primeiro estranhamento por conta de quem atravessa a fronteira.<br />

Apesar da passagem ser limitada, por falta de construção de pontes ou canais hidroviários, há um intenso fluxo<br />

de pessoas, mesmo que ilegal, por motivos de comércio, empregos ou outros fatores diversos, além da<br />

garimpagem aqui discutida.<br />

2. Conceitos teóricos e procedimentos metodológicos<br />

A partir dos preceitos de “fronteira” e “território” é percebida a diferença entre as regiões, regidas por<br />

diferentes Estados que, por vezes, atuam de maneiras divergentes em relação a questões como cidadania e<br />

migração. Às divisas físicas são atribuídas noções simbólicas de pertencimentos dos sujeitos, cidadãos<br />

pertencentes a uma nação, assim quando se ultrapassa a barreira de onde se tem direitos “natos”, aparecem<br />

discussões sobre o fluxo de pessoas entre fronteiras, as garantias de “imigrantes” e sua posição dentro do<br />

território para onde se dirigiram. Levando em conta que uma região de fronteiras apresenta influências de<br />

ambas as culturas devido à troca de significações entre as pessoas que transitam entre esses limites, o que, na<br />

prática, além do institucional, transforma suas próprias noções de adequação quanto a essas situações de<br />

trânsito (BARTH, 1998).<br />

Dessa forma, é necessário levar em conta os conceitos de “cidadania”, “direitos” e “imigrantes”. Ao<br />

perceber o imigrante como uma força de trabalho provisória (SAYAD, 1998), que circula sem de fato pertencer<br />

à nação onde se encontra, é possível caracterizar quem são as pessoas consideradas cidadãs, como se forma<br />

um imaginário sobre a nacionalidade, e como se daria a inserção de determinado grupo imigrante sob um<br />

Estado (SAYAD, 1998; SEYFERTH, 1997). Desvendar as motivações de migração também demonstram o<br />

contexto em que os Estados envolvidos estão (em posição de prestígio ou não internacionalmente) e a inserção<br />

de “estrangeiros” na cultura, como podem compartilhar identidades, o que influencia em situação jurídica para<br />

serem naturalizados ou mesmo obstruídos de sua permanência no local (SEYFERTH, 1986). No caso dos<br />

garimpeiros brasileiros que migram para Guiana Francesa, é notável o incômodo do governo francês que os<br />

veem como “invasores” por residirem ilegalmente.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!