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Anais DCIMA Final-1

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Página 764<br />

É legítimo afirmar que as identidades sofrem formação, conformação e deformação nas lutas que se<br />

travam no campo das representações e nas práticas de significação e os processos de formar, conformar e<br />

deformar são imensamente influenciados nas práticas discursivas. Owen Wrigley afirma que “a identidade,<br />

seja ela Surda ou qualquer outra é uma conquista em uma troca de economias discursivas” (1996, p.55).<br />

Em se tratando de práticas discursivas, a(s) identidade(s) surda(s) não são construída(s)<br />

aleatoriamente, mas se constroe(m) no enlace dos pares e a partir do confronto com novos ambientes<br />

discursivos. No enlace com os outros, os sujeitos surdos iniciam uma narrativa diferente daquela que os<br />

ouvintes constroem. Os surdos iniciam uma narrativa que desenvolve identidades surdas, alicerçadas na<br />

diferença. Eles estabelecem vínculos entre si e, por meio destes, permutam por diferentes representações sobre<br />

a(s) identidade(s) surda(s). Desta maneira,“autoproduzem significados a partir de informações intelectuais,<br />

artísticas, técnicas, éticas, jurídicas, estéticas, desenvolvendo, então, certa cultura (SÁ, 2012, p. 124). E, é neste<br />

processo de autoprodução que surgem as culturas surdas. O ambiente escolar, a inserção precoce do surdo na<br />

escola possibilita ao sujeito surdo a interação com outros surdos. Nesse ambiente o surdo não apenas adquiri<br />

a sua língua materna- língua de sinais- como também assume padrões de conduta e valores da cultura e da<br />

comunidade surda. Com essa possibilidade o surdo pode assimilar o modelo que os surdos têm a respeito de si<br />

mesmos. Este é o maior benefício para a comunidade surda: a possibilidade de construção da identidade surda.<br />

No campo da educação geral, segundo Tomaz Tadeu da Silva, a educação de surdos tem recebido<br />

atenção por dois motivos: ela se incorpora perfeitamente na perspectiva dos “estudos culturais” e também<br />

evidencia o fracasso constante de uma pedagogia orientada a um grupo específico. (1997, p.3). Este grupo<br />

específico refere-se à minoria surda, condenados a submeter-se à chamada “educação especial”.<br />

3. INTERCULTURALIDADE E O PATRIMÔNIO INTERCULTURAL DOS DIFE-RENTES<br />

Os inúmeros elementos culturais em que o sujeito tem acesso em ampla escala e com imensa rapidez<br />

na contemporaneidade são vistos com naturalidade. Estes elementos culturais que integram a identidade de<br />

cada indivíduo podem ser construídos e formatados por fragmentos de inúmeras culturas. As constantes<br />

transformações culturais que se entrelaçam frequentemente requerem do sujeito uma identidade que seja<br />

atualizada constantemente. Porquanto pensar a cultura não como substantivo, mas sim como o adjetivo cultural<br />

é compreender que a cultura já não pertence a uma só nação. Faz sentido, sim, conceber a cultura como a<br />

qualidade desse sistema de significações próprio de um povo. E com este valor conceitual, valoriza-se<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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