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Anais DCIMA Final-1

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Página 762<br />

atores sociais que denominamos “minorias” e “maiorias”; denunciantes das reais e escassas condições de vida<br />

a que são submetidos, aqueles narram um enredo humilhante, resumindo-se em: injustiças sociais, desrespeito<br />

à diversidade cultural, marginalização do diferente, assujeitamento dos diferentes, etc.<br />

Rotulados como “deficientes auditivos” são vistos apenas como incapacitados e, não como sujeitos<br />

que estão submetidos às práticas discursivas ouvintistas. As políticas de controle, medidas clínico-terapêuticas,<br />

caritativas e assistencialistas impedem que os surdos sejam tratados além dessas questões, ou seja, como<br />

protagonistas de natureza cultural, social, histórica, política (Silva, 1997, p.4). O conhecimento que os ouvintes<br />

possuem sobre os surdos é ainda inconsistente, estes sujeitos não são vistos como sujeitos-atores de uma<br />

história de lutas, de pertencimentos, de identidades e de cultura. O que a sociedade ouvinte tem feito é excluir<br />

gerações de surdos pela indiferença, pelo assujeitamento das alteridades e pela busca da normalização do<br />

corpo.<br />

Somente neste século, a sociedade brasileira se propõe a discutir a “questão surda” como cultural,<br />

linguística e identitária. A educação de surdos deixa de ser vista como “especial”, para assumir um espaço<br />

significativo no campo educacional. Os estudos surdos apresentam este grupo minoritário, mas numeroso,<br />

como autor e ator de uma cultura minoritária. Personagens da vida real, que atuam como pessoas diferentes,<br />

normais e usuários de uma língua natural. Um grupo que busca educação bilíngue, que almeja ser alfabetizado<br />

em sua língua natural – Libras – e, posteriormente, na Língua Portuguesa. É a minoria que exige uma educação<br />

multicultural, que aceita ser tratada como diferente, porém normal e detentor de identidade(s) legítima(s).<br />

É bom lembrar a impossibilidade de desmembrar a questão da identidade com a questão da linguagem.<br />

Pois, a construção da subjetividade está diretamente relacionada com o exercício do poder da linguagem. Os<br />

estudos pós-modernistas concebe uma nova visão sobre a linguagem:<br />

As principais mudanças [...] começaram a se delinear quando o entendimento sobre a linguagem<br />

humana e as possibilidades abertas por ela na criação da cultura passaram a colocar a intersubjetividade como<br />

categoria epistêmica principal (SÁ, 1998, p.170).<br />

Acredita-se que a pós-modernidade surgiu concomitante com o início dos estudos linguísticos. O<br />

fenômeno dos estudos linguísticos trouxe à tona a importância da linguagem humana, o novo modo de<br />

interpretação da capacidade humana no uso da linguagem. Enquanto na modernidade entendia-se a linguagem<br />

como meio transparente e neutro que tinha como responsabilidade a interpretação e tradução do real e do<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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