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Anais DCIMA Final-1

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Página 153<br />

Para subsidiar tal proposta de reflexão, tomaremos como objeto de análise falas de alunos indígenas<br />

da Unifesspa, tentando mostrar como essa universidade se vê inquirida a dialogar com os sujeitos que sempre<br />

constituíram a região, mas não tinham visibilidade no contexto acadêmico e, agora, passam a ter por conta de<br />

implementações de políticas afirmativas específicas para os povos originários, como a política de cotas e de<br />

um Processo Seletivo Especial, implantadas como resultado de cobranças por parte desses sujeitos.<br />

1. “Dispositivo” enquanto ferramenta teorico-metodológica<br />

O conceito de Dispositivo, segundo Gregolin (2015, p. 11), não teve uma obra em que Foucault se<br />

dedicou para trata-lo nem há registro de uma definição de forma mais alongada em nenhum de seus livros.<br />

Porém, em entrevistas é possível encontrar menções mais satisfatórias, como no trecho abaixo:<br />

O dispositivo, portanto, está sempre inscrito em um jogo de poder, estando<br />

sempre, no entanto, ligado a uma ou a configurações de saber que dele nascem,<br />

mas que igualmente o condicionam. É isto, o dispositivo: estratégias de relações<br />

de força sustentando tipos de saber e sendo sustentadas por eles. (FOUCAULT,<br />

1999, p. 146).<br />

Entendemos assim o dispositivo, como estratégia para sustentar determinadas relações de poder que<br />

se estabelecem pela implantação de verdades, mas que por meio da subjetivação essas relações podem ser<br />

fissuradas, fraturadas ou ainda mantidas por novas reelaborações do mesmo jogo. Gregolin vai dizer que essa<br />

noção de dispositivo se encaixa na genealogia, considerando que<br />

a genealogia do poder propõe diagnosticar e compreender a racionalidade das<br />

práticas sociais que nos subjetivaram pelos seus efeitos e nos objetivaram pelas<br />

suas tecnologias, e a genealogia da ética busca problematizar as práticas de si e<br />

os processos de subjetivação que ligam o sujeito à verdade. (GREGOLIN, 2015,<br />

p. 9).<br />

Assim o trabalho com o conceito de Dispositivo nos dá condições metodológicas para mostrar como<br />

o poder e o saber agem em determinado campo da sociedade (manifestado em um dispositivo, como a<br />

educação, a sexualidade, o âmbito jurídico etc.) para manter determinada ordem que opera com status de<br />

verdade, mas que está permanentemente sendo infiltrada pelas produções de subjetividades dos sujeitos<br />

envolvidos nesse campo, podendo gerar manutenção ou ruptura com a verdade posta.<br />

A partir da leitura que Deleuze (1996) faz sobre o Dispositivo foucaultiano, observamos que ele propõe<br />

a consideração de quatro linhas, ou curvas, para compreender a composição do conceito, as quais tentamos<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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