Anais DCIMA Final-1

Página 309
de desafiar, expor, colocar o corpo nos extremos para superar dificuldades. Corpo templo do sagrado, local da
morada espiritual, como eixo de muitas movimentações diárias que têm como epicentro o estímulo da voz do
“Pai Celestial”, a perfeita vontade de um Deus que sabe dançar. Deus que sabe mexer-se, que criou o
movimento da mesma maneira que criou a pausa. Virginia afirma viver fora dos padrões, à parte do que as
notícias teimam em repetir sobre desgraças mil; prefere viver a relação com o corpo à espécie de ritual sagrado,
por assim dizer. Vive para além das proibições, das limitações corpóreas, seu próprio corpo já adquiriu
autonomia, aquela autonomia do ser sem peias, que superou limites, sentiu cada nervura, cada gota de sangue
a correr pelas veias dilatadas, fortalecidas ao saber/sabor de muito preparo físico-emocional. Às vezes, ela sobe
para ver do alto! Para, após árduos aprendizados, emergir, entender os clamores poéticos do próprio corpo!
Às vezes subo só para poder viver a leveza de meu sorriso, para me afastar da miséria que é a
mentalidade humana na mais desgraçada manipulação da vida.
Sempre teço caminhos longe de quem busca o mal.
Minha tendência não é o confronto
Prefiro a covardia de ser feliz
(…)
Sou antiga
(…)
Sou antiga... me distancio da modernidade porque a entendo e não a escolho...
Porque quero ser esta alienada que sou…
E minha ilha está a 12 metros de altura.
Na adrenalina de uma queda, no suor de um treino, na tentativa e erro, no desafio, no desconhecido…
(…)
Eu vivo fora!
Segundo José Saramago, citado livremente, os homens seriam anjos sem asas e alguns poucos as fazem
crescer. Aqui homenageamos os esforços dos corpos circences, acrobatas, dançarinos, artistas da vida que, ao
Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado
Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805