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Anais DCIMA Final-1

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Página 301<br />

Outro relato de experiência e vivência com o grafite, e que exemplifica o quadro de discussões ou<br />

temáticas políticas, culturais e educativas, além dos diversos modos de ser e estar no mundo, pode ser abordado<br />

na escola. Segundo Tikka (2016), grafiteira residente em São Paulo, SP:<br />

A principal temática que o graffiti aborda naturalmente em relação social e<br />

política é a discussão do espaço publico, do papel e participação de cada um na<br />

sociedade, de se fazer ser ouvido, de se desenvolver como um indivíduo único e<br />

não como uma estatística, e como fazer melhorar no geral e que todos se sintam<br />

tão únicos e igualmente importantes (Tikka Meszaros, 2016, artista e grafiteira,<br />

grifos nossos).<br />

Neste processo de ensino, o objetivo é contribuir para que o educando e educanda se torne cada vez<br />

mais sujeito participativo, com autonomia de pensamento e liberdade, ainda que em processo de conquista de<br />

expressão. Levando isso em consideração, adentrar a discussão do grafite como vetor para a educação é<br />

perceber a importância dessa arte para a escola, sendo uma ferramenta em que o sujeito aprendiz possa<br />

expressar a sua singularidade, espontaneidade e identidade frente aos seus conhecimentos de mundo que, na<br />

maioria das vezes, são silenciados pelos padrões estéticos da elite burocrática e simbólica. É tarefa da escola<br />

iniciar uma crítica e um debate acerca de discursos públicos em torno da política, da ética e da estética, dos<br />

quais as camadas sociais subalternas são geralmente excluídas e bloqueadas. Nesse contexto de exclusão<br />

social, a educação escolar mais contribuiria para a reprodução da ideologia da classe dominante, em que a<br />

produção da comunidade subalterna ainda é vista como inferior, do que proporcionaria efetivamente uma<br />

educação dialógica e libertadora, na qual a diversidade possa ser tida como algo a ser respeitado.<br />

Aproximar a comunidade com o que está localizado e exposto no cenário urbano é o início de uma<br />

tarefa educativa nos diversos campos de aprendizagem. É de fundamental importância fazer uma análise a<br />

respeito de como a arte é feita, e para quem é feita, sua localização e a realidade social das pessoas que a<br />

visualizam a cada dia, pensando e repensando sobre suas memórias e do que é visto em seu contexto social.<br />

Em vista disso, dinamizar a escrita do grafite no ambiente citadino e articular com o currículo da escola é<br />

permitir que estudantes adquiram conhecimento a respeito das obras de arte que muitas vezes pertencem ao<br />

seu grupo social, como assegura Hernández (2000), ao propor que a arte funcione como instrumento para<br />

aprender a compreender a cultura visual da qual fazem parte os alunos e a interpretar a de outros tempos e<br />

lugares.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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