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Anais DCIMA Final-1

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Página 678<br />

2000<br />

Em 2000, percebemos mais uma vez no jornal o envolvimento de pessoas influentes com cocaína – no<br />

caso do enunciado abaixo, um delegado de polícia. A acusação é feita por Santos, que liderava uma "quadrilha"<br />

com sua esposa, apelidada de Maria do Pó. Ao se referir às pessoas menos influentes, o jornal dá-lhes uma<br />

conotação informal, o que já não ocorre quando se refere ao delegado. Observamos a preocupação em<br />

descrever a quantidade de cocaína apreendida, ficando novamente a polícia como a instituição responsável<br />

pela questão das drogas.<br />

E11. Cláudio da Silva Santos, 26, marido de Sônia Rossi, a Maria do Pó, revela como funcionava a<br />

quadrilha liderada pelo casal. (... )Santos também denunciou o envolvimento de Ricardo de Lima,<br />

delegado de Campinas, no sumiço de 340 kg de cocaína que haviam sido apreendidas na cidade e<br />

que estavam sob guarda da Polícia Civil.” (13 de abril, p. 3-2, Folha de S.Paulo).<br />

O cotexto abaixo mostra uma mobilização da Agência Estadunidense de Combate às Drogas (Drugs<br />

Enforcement Administration – DEA) para prender um colombiano acusado de financiar o embarque de cocaína<br />

para os EUA. Nele também encontramos outra figura além do consumidor e do vendedor da droga: o<br />

"financiador". Ao adotar este termo, a FSP ocupa uma posição-sujeito mobilizada por um discurso políticoeconômico,<br />

comprovado no título da notícia (“Pesadelo diplomático”) e pelo emprego das palavras “consumo”<br />

e “financiar”. Ademais, no enunciado está presente novamente o discurso proibicionista e de combate às drogas<br />

nos EUA, que influenciou a mídia brasileira.<br />

E12.“Pesadelo diplomático. Segundo autoridades colombianas, Victor Manuel Tafur Dominguez era<br />

um foragido da lei, acusado de financiar o embarque de sete toneladas de cocaína, a maior parte<br />

destinada ao consumo nos EUA” (13 de abril, p 10, Folha de S.Paulo – Caderno especial).<br />

O enunciado acima evidencia o estereotipo criminoso que, segundo Rosa del Olmo (1990),<br />

sempre esteve presente desde que existem legislações sobre drogas. Contudo, na atualidade, transformou-se<br />

em estereótipo político-criminoso,<br />

[...] ao recorrer ao discurso político para legitimar-se como discurso jurídico<br />

(produto da difusão do modelo geopolíltico). A droga é vista como "inimiga", e<br />

o traficante - central de interesse deste discurso - como "invasor",<br />

"conquistador", ou mais especificamente como "narco-terrorista" e<br />

"narcoguerrilheiro", apesar de o traficante poder muito bem ser não um<br />

indivíduo, mas um país. (DEL OLMO, 1990).<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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