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Anais DCIMA Final-1

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Página 806<br />

do mundo, no qual a memória e o ato de lembrar o passado descortina a essência do eu, quando descreve as<br />

situações vividas.<br />

(2006):<br />

Apresenta-se, então, a noção de tempo como temporalidade, como tempo interior, segundo Bergson<br />

Nossa duração não é um instante que substitui outro instante: nesse caso, haveria<br />

sempre apenas presente, não haveria prolongamento do passado no atual, não<br />

haveria evolução, não haveria duração concreta. A duração é o progresso<br />

contínuo do passado que rói o porvir e incha à medida que avança (BERGSON,<br />

2006, p. 47).<br />

Assim, Sennett (2000) assevera que, na sociedade atual, a ênfase no presente é cada vez mais<br />

estimulada, desconsiderando o passado e a história. Para o autor, essa é a nova forma de organizar o tempo,<br />

principalmente no local de trabalho, o qual denomina flexitempo.<br />

Entretanto, quando passa a existir uma relação de empregado-empregador, o tempo se transforma em<br />

dinheiro e a orientação das tarefas tem horário marcado, determinando uma divisão entre o tempo do<br />

empregador e o tempo do empregado, predominando não mais a orientação por tarefas, mas o valor do tempo,<br />

que se transforma em moeda. (Thompsom, 2005, p. 275).<br />

Nesse sentido, novas formas de sociabilidade surgem a partir da transformação da sociedade<br />

disciplinar em sociedade do controle, que teve início na passagem do século XVIII para o século XIX,<br />

ocasionada pela mudança nas relações de poder.<br />

Na Grécia Antiga, o trabalho era desprezado pelos cidadãos livres e Platão considerava o exercício<br />

das profissões vil e degradante. Nos primeiros tempos do cristianismo, o trabalho era visto como tarefa penosa<br />

e humilhante, como punição para o pecado, sendo que o seu significado foi associado a fardo e sacrifício.<br />

Nesse sentido, foi necessária a construção de uma ideologia para transformar essa memória sócio-histórica<br />

negativa do trabalho, por meio de um processo social amplo de re-significação. (Chalhoub, 2008, p. 43).<br />

Assim, a partir do Renascimento, outra concepção passa a vigorar estabelecendo o trabalho, não mais<br />

como uma ocupação servil, mas como a que propicia o desenvolvimento do sujeito, preenchendo a sua vida e<br />

transformando-se em condição necessária para a sua liberdade.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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