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Anais DCIMA Final-1

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Página 833<br />

bandeira a luta por direitos (KLEIN, 2016). Todavia, essas lutas por direitos somente terão consequências<br />

emancipatórias se estiverem em harmonia com o projeto que visa à ruptura com o atual sistema econômicopolítico.<br />

1. A política de saúde indigenista e a sua relação com o Sistema Único de Saúde<br />

O atendimento as necessidades do povo indígena no contexto brasileiro, foram atendidas durante<br />

muitos anos por iniciativas filantrópicas que se integravam às iniciativas do governo. Ao longo da história a<br />

população supracitada sofreu inúmeros ataques lesivos a sua sobrevivência, a exemplo, da construção de linhas<br />

ferroviárias na região amazônica no século XX que dizimou milhares de índios, some-se a isso a elevada taxa<br />

de mortalidade da população em referência por conta de doenças infecto contagiosas. Sendo assim, em 1910<br />

foi criado o Serviço de Proteção ao Índio e Trabalhadores Nacionais (SPI), que desenvolvia ações protetivas<br />

aos indígenas, buscando incluir as suas terras no sistema produtivo nacional. A política de saúde desenvolvida<br />

no século XX era norteada pelo viés positivista, pois os índios eram encarados como seres em estado de<br />

evolução, daí a necessidade de ajustá-los aos padrões sociopolíticos hegemônicos no período em referência<br />

(BRASIL, 2002).<br />

Em 1950 foi criado o Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas (SUSA) que desenvolvia medidas<br />

protetivas de cunho emergencial às populações indígenas que moravam em locais de difícil acesso. Em 1967<br />

foi criada a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) que deu continuidade ao trabalho desenvolvido pelo SUSA<br />

ao criar as Equipes Volantes de Saúde (EVS), que desenvolviam ações na área da assistência médica, além de<br />

monitorar o exercício de trabalho dos profissionais de saúde locais (BRASIL, 2002).<br />

A década de 1970 foi um período marcado pela reestruturação do capital, caracterizado dentre outras<br />

coisas pela redução nos gastos para com o social, tal medida trouxe rebatimentos negativos em relação ao<br />

enfrentamento da questão social via Estado, pois esta passou a ser combatida através de ações residuais e<br />

pontuais, que amenizavam suas expressões, mas não as erradicavam. Nesse contexto a FUNAI enfrentou<br />

múltiplos entraves para efetivação dos serviços de saúde, tendo em vista a diversidade social, cultural e<br />

geográfica que as comunidades indígenas apresentavam (GARNELO, 2004). Isso por sua vez aprofundou as<br />

fragilidades que permeavam o desenvolvimento das ações de atenção à saúde indígena, tais fragilidades iam<br />

desde a falta de capacitação profissional dos recursos humanos existentes para gerir os programas e serviços<br />

de saúde voltados à população em referência, até a falta de recursos materiais para a oferta de bens e serviços<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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