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Anais DCIMA Final-1

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Página 275<br />

A obra de Maria Carolina de Jesus faz ecoar a voz de uma classe marginalizada pela sociedade e que<br />

se vê compelida por uma escrita libertadora e geradora de esperança, por trazer em sua essência denúncias de<br />

um povo esquecido e a possibilidade de dias melhores, já que deste modo a autora teoriza e questiona o lugar<br />

onde vive.<br />

O discurso de resistência mantido pela obra torna-se inovador e político revestido de uma coragem,<br />

visto que emite a voz de um subalterno que, de acordo com Spivak (2010), “não pode falar, pois o processo da<br />

fala se caracteriza por uma posição de uma falante e ouvinte e afirma que este processo não se dará entre os<br />

subalternos”. (SPIVAK, 2010. p.8)<br />

É a partir desse arranjo em que se constrói a prosa e a poesia caroliana que a linha da literatura subjetiva<br />

é evidenciada, por entender e considerar importante essa escrita que nos remete a novas possibilidades de<br />

leituras de mundo, de um todo coeso rico em interpretações. Nesse sentido, “Quarto de despejo” vem trazendo<br />

um lirismo nos discursos, reciclando palavras com novas percepções de literatura numa linguagem singular e<br />

carregada de novos significados.<br />

2. Abordagem teórica e metodológica<br />

Segundo Rocco (1992), a literatura constitui a “mais complexa e elaborada expressão de um espaço<br />

cultural” e a forma mais propagada de explicação do mundo ou de transmissão de valores. Partindo dessa visão<br />

destaca-se a obra de Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo: diário de uma favelada (2013) cuja<br />

subjetividade é aflorada na voz de uma mulher negra, pobre e pode ser compreendida a partir de uma literatura<br />

marginal que consegue multiplicar essa voz e a de muitas pessoas dentro da favela e fora dela.<br />

Sobre isto, Andrade (2009), esclarece que:<br />

A autobiografia em forma de diário de Carolina tem uma dimensão pessoal<br />

introspectiva e apresenta uma dimensão coletiva ou social: tem-se o testemunho<br />

de uma personagem que não é apenas o dela. Ou seja, na autobiografia de<br />

Carolina de Jesus fica patente não só a figura da autora, mas de toda a favela em<br />

que seus aspectos são mais cruéis.(ANDRADE 2009, p. 4).<br />

Pretende-se desse modo enfatizar a narrativa e a linguagem poética da obra, onde a subjetividade ganha<br />

espaço quando a autora chama para si a atenção da sociedade, visto que problematiza e permite observar com<br />

profundidade e clareza as situações de extrema pobreza experenciadas por ela e pelos moradores da favela.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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