Anais DCIMA Final-1

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informação (evidência de sentido), aliado a um outro mito – o da visibilidade (a
transparência da imagem), os quais são fundados nos e pelos aparelhos
mediáticos que produzem a assepsia da comunicação, e do próprio
acontecimento discursivo, no caso, à mercê dos esforços que procuram despi-lo
ao máximo da sua complexidade. (SOUZA, 2001, p.23)
Como operadora da memória social, a imagem comporta um programa de leitura em seu interior, mas
inscrito discursivamente em outro lugar, o que faz dela algo como a recitação de um mito. (SILVA, 2010, p.
99) Davallon (DAVALLON, 2010 apud SILVA, 2010) também contribui nesse sentido, ao lembrar que a
imagem não é transmitida como entregue ou pronta para o sujeito-leitor, todavia a imagem comporta um
programa de leitura que reclama uma competência semiótica e social desse leitor. Como as charges, que para
seu entendimento é necessário um conhecimento parcial dos fatos, que são abordados por elas.
A memória relaciona-se com os sentidos, do modo que o acontecido numa sociedade, num país, numa
família, ou com o sujeito, de forma individual, pode ser (re) lembrado através da memória, retomado, revivido.
Haja vista que a memória social, encontra relação com os arquivos das mídias, pois quando um acontecimento
ou um evento é lembrado pela sociedade, não basta ele só ser lembrado, mas sim, que venha a apresentar a
mesma vivacidade que outrora.
Durante o período da ditadura militar no Brasil -1964 a 1985- as charges tiveram destaque como forma
de contestação, ocuparam lugar significativo e expressivo nas lutas, nos movimentos sociais, políticos e
culturais da sociedade brasileira, gerando discussões quanto aos anseios da construção de uma sociedade
democrática e cidadã.
Esse trabalho tem como recorte o período de abertura política, redemocratização no Brasil, tendo em
vista que o uso de charges que circularam nesses período possibilita trabalhar os conceitos de democracia,
ditadura militar, os movimentos sociais, políticos e culturais, principalmente pela proximidade do tempo
histórico.
A historiografia brasileira, no referido período, tem material diversificado e rico para a investigação
histórica. A charge revela-se como um traço da história, que captura os fatos denunciando faces do poder por
meio de uma linguagem metafórica, assim fazendo parte da memória histórica. A memória é um fenômeno
sempre atual, e muitas das charges que circularam nesse período servem hoje de análise e reflexões sobre o
que passou.
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