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Anais DCIMA Final-1

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Página 290<br />

pelos capangas dos fazendeiros. Os produtos nativos, o uso comum 36 da terra amplamente praticados através<br />

do extrativismo vegetal – a coleta de frutas, do coco de babaçu, da carnaúba, bacuri, pequi, da extração do mel<br />

– e da criação de animais – porcos, bois e bodes – em áreas de chapadas, ocupando um papel importante dentro<br />

da lógica de reprodução sociocultural dessas comunidades, passaram a ficar cada vez mais escassos. .<br />

4. Considerações finais<br />

O território quilombola Saco das Almas é uma terra de herança dos negros que se estabeleceram nas<br />

sete comunidades do território. Os quilombolas têm como forma organizativa, as associações. Cada<br />

comunidade tem uma associação de moradores, que é encarregada de tratar de atividades voltadas para<br />

projetos. Há ainda outra associação que representa as demais na luta pela titulação da terra, Associação de Vila<br />

das Almas.<br />

Essa forma de organização representa o território como um todo, pois, embora haja especificidades,<br />

os quilombolas entendem que a terra é coletiva, é vista como um bem de todos e que a luta também é coletiva,<br />

é uma só. Uma luta fortalecida pela esperança de que o conhecimento de sua história garanta finalmente a<br />

conquista definitiva do Território por meio da titulação, mas, para, além disso, esperam a vitória na luta por<br />

acesso aos direitos fundamentais que ainda lhes são negados (saúde, energia elétrica, água encanada, etc) e a<br />

preservação de suas matas, local propício para o desenvolvimento de suas atividades agrícolas.<br />

A luta maior dos quilombolas é ainda com os fazendeiros, que tem devastado a terra. Parte do território,<br />

principalmente as matas nativas e os igarapés, tornou-se foco do desmatamento com uso de tratores que passam<br />

destruindo o que encontram pela frente.<br />

A chegada dos fazendeiros ao território, foi marcada por um processo de grilagem na qual muitas terras<br />

foram vendidas ilicitamente. As comunidades anseiam pela regularização do território. Esperam recobrar o<br />

controle sobre as áreas expropriadas e recuperar os marcos tradicionais, atualmente cercados nas áreas<br />

36<br />

As terras de uso comum referem-se a grupos sociais que historicamente estabeleceram relações de uso comum da<br />

natureza, os quais, aliados a processos identitários conformam teoricamente os conceitos de territorialidade (SOUZA<br />

FILHO, 2003) ou processos de territorialização (ALMEIDA, 2006).<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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