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Anais DCIMA Final-1

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Página 770<br />

educação “especial caritativa”. Esta contribuiu, há muito tempo, para o fracasso escolar massivo, produto da<br />

hegemonia de uma ideologia clínica dominante na educação de surdos. As ideias dominantes, no último século,<br />

“são um claro testemunho do sentido comum segundo o qual os surdos correspondem, se encaixam e se<br />

adaptam com naturalidade a um modelo de medicalização da surdez” (SKLIAR, 2012, p.7).<br />

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Nestor Garcia Canclini, na obra “Diferentes, Desiguais e Desconectados” constata que as classes<br />

sociais baixas (os surdos) não são totalmente autônomas, mas também não são totalmente subordinadas. Elas,<br />

as classes minoritárias, criam expressões, costumes, crenças, etc. Criam uma cultura viva e a valorizam.<br />

Os surdos querem ser reconhecidos nas suas diferenças e viver em condições menos desiguais. Sabese,<br />

porém, que as diferenças são impossíveis de serem suprimidas, devem ser aceitas e, por meio de uma ação<br />

crítica, ser impedidas de criar ou intensificar as desigualdades que, se aliadas à desconexão, podem levar a<br />

exclusão, o pior dos casos.<br />

Eles pertencem a várias etnias, são pertencentes a distintas classes sociais, pobres, bastardos,<br />

empregados e desempregados, nativos e estrangeiros, conectados e desconectados. Para muitos, a questão não<br />

é sustentar “campos sociais alternativos”, porém serem incluídos, chegar a se conectarem, sem que tal<br />

acontecimento passe por cima de sua diferença nem os condene à desigualdade. Em suma, o que os surdos<br />

desejam é que sejam reconhecidos como cidadãos interculturais.<br />

Para os surdos, o que importa nas políticas sociais e culturais é o reconhecimento das diferenças, a<br />

correção das desigualdades e a conexão das redes globalizadas. O que se deve saber, ouvintes e surdos, sobre<br />

ser diferentes, desiguais e desconectados. Deve-se refletir que todos devem assumir seu papel na sociedade<br />

como diferentes-integrados, desiguais-participantes e conectados-desconectados.<br />

Conclui-se, portanto, que “num mundo globalizado, não somos só diferentes, só desiguais ou<br />

só desconectados. As três modalidades de existência são complementares” (GARCIA CANCLINI,<br />

2007, p.99). E, simultaneamente, considerar que cada meio de privação está diretamente associado a<br />

formas de pertencimento, posse ou participação. Por isso, direcionar-se a processos de oposição,<br />

como o de ser diferente, desigual e desconectado, é a opção legítima de um pensar crítico que não<br />

permite adentrar em uma zona de conforto causando o conformismo.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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