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Anais DCIMA Final-1

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Página 172<br />

fronteira com o Brasil, amparados pela constituição da Bolívia, a qual não permite que estrangeiros tenham<br />

terra nessa faixa de fronteira.<br />

Em 2012, voltei ao local, amparado mais pelo aporte teórico-metodológico do método visual, ou seja,<br />

operando a câmera e fazendo a captação de som direto. Contei com a colaboração do mesmo guia, exseringueiro<br />

da região, que me auxiliou em minha primeira entrada, seis anos antes. Entrevistei 13 trabalhadores<br />

brasileiros, entre eles, os que resistiam em permanecem do lado boliviano e aqueles que se encontram em<br />

cidades acrianas, além de agentes do poder público.<br />

1. Síntese histórica da territorialização do seringueiro do Acre<br />

No Século XIX toda a região Amazônica, em especial a brasileira, sofreu uma onda modernizadora<br />

pelo processo de extração da borracha; todo empreendimento inicial se deveu ao capital europeu, Norte<br />

Americano e capitais nacionais; assim, os interesses principais partiram de “formação e desenvolvimento do<br />

mundo moderno”, alheios aos povos indígenas e da “maioria daqueles que foram deslocados para a Amazônia”<br />

(SANT’ANA JÚNIOR, 2004, p.59). Os trabalhadores, em especial os nordestinos, foram atraídos para a<br />

floresta, fugindo da seca e, com a promessa de enriquecimento, converteram-se em seringueiros solitários,<br />

presos pelo “inferno verde”. Estes atores inseriram-se ao “centro” do sistema produtivo do seringal. A vida na<br />

floresta forjou nesses sujeitos um novo modo de vida e, em cada ciclo da borracha, que também adentrou o<br />

século XX, forjou nestes trabalhadores novos arranjos em suas territorialidades.<br />

A Amazônia (ALMEIDA, 2004, p.40) na década de 1970, em toda sua extensão, sofreu uma política<br />

conduzida pela ditadura militar “visando tanto a incorporar seus recursos naturais na economia capitalista<br />

nacional e internacional, como a resolver o problema agrário do sudeste e do nordeste do país”. Assim,<br />

começavam os conflitos gerados entre fazendeiros e os seringueiros; os resultados para grande parte dos<br />

trabalhadores da floresta foram catastróficos – muitos, para permanecerem com seus modos de vidas,<br />

emigraram para a fronteira amazônica boliviana e peruana.<br />

Segundo Alegretti (2002), esses sujeitos receberam várias denominações ao longo de sua estadia no<br />

espaço conhecido hoje como Acre; passaram a ser nomeados primeiro como “brabos”, quando migraram do<br />

Nordeste para Amazônia, depois, quando apreenderam o ofício do seringal, receberam o nome de “mansos”.<br />

Durante a segunda guerra, período que novamente nordestinos migraram para Amazônia, foram chamados de<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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