Anais DCIMA Final-1

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Nessa música, o sujeito enuncia ancorando-se em um acontecimento constantemente rememorado: a
chegada a Jamary dos pesquisadores Ivan Rodrigues Costa (1962-2011), Ivo Fonseca Silva e Ana Amélia
Campos Mafra, militantes do movimento negro e pesquisadores do Centro de Cultura Negra do Maranhão
(CCN).
A chegada desses pesquisadores a Jamary produziu na comunidade um processo de conscientização
do pertencimento ao território e da necessidade de lutar pela posse da terra e contra a discriminação racial.
Essas questões podem ser observadas na tessitura da canção.
No verso “Quem vivia como escravo se libertou”, a ideia de escravismo desloca-se no tempo,
deslizando da ideia de escravidão tradicional para a de ausência de direitos e de cidadania em termos de
pertencimento ao lugar Jamary, bem como de consciência de direito frente às lutas contra discriminações
raciais.
No verso “Foi pelo Sindicato que se descobriu”, há uma referência a outro acontecimento da história
da comunidade, que foi o encontro de um documento de registro do local onde se localizam as terras de Jamary,
em que a figura do Sindicato é marcada como um elemento importante na busca pela territorialidade e também
como parte integrante de uma identidade quilombola que se constrói no discurso da lei.
O verso “E a nossa liberdade ressurgiu”, que completa o anterior, indica uma movimento de
conscientização da coletividade na busca pelo direito à pose do território e pelo respeito junto à sociedade, que
ocorre com o apoio da organização sindical.
A seguir, nos versos “Em 94 começou a Associação de Moradores”, a associação soma-se ao Sindicato
como dispositivo legal de organização e luta coletiva por direitos.
O verso “Quando a carta de despejo aqui chegou” sinaliza outro acontecimento, qual seja: a ameaça
que a comunidade de Jamary sofria de ser despejada de suas terras por fazendeiros e agropecuaristas locais. A
Associação de Moradores, conforme destacado na terceira estrofe, é uma forma de organização dos moradores
e de unificação de seus anseios em prol da terra e contra o racismo.
Em “Foi aí que a nossa luta continuou”, temos uma ideia da instauração de um novo momento de
consciência que se dá pela organização para a luta pela via legal diante da ameaça da perda do território.
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