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Anais DCIMA Final-1

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Página 707<br />

(...) objeto da Análise do Discurso, não é a língua, nem texto, nem fala, mas<br />

necessita de elementos linguísticos para ter uma existência material. Com isso,<br />

dizemos que o discurso implica uma exterioridade à língua, encontra-se no social<br />

e envolve questões de natureza não estritamente linguística, referimo-nos a<br />

aspectos sociais e ideológicos nas palavras quando elas são pronunciadas. (...)<br />

As posições em contraste revelam lugares socioideológicos assumidos por<br />

sujeitos envolvidos, e a linguagem é a forma material de expressão desses<br />

lugares. (FERNANDES, 2008, p. 13).<br />

Portanto, mais do que um projeto que auxilia alunos da rede pública de ensino a trabalharem com um<br />

determinado gênero textual, produzindo textos sobre uma determinada temática, o Entretextos acredita que é<br />

no momento da materialização verbal de suas ideias que estes indivíduos se inscrevem como sujeitos<br />

socioideológicos, revelando suas visões de mundo.<br />

Assim, os gêneros textuais, como espaços discursivos, são lugares em que os sujeitos se inscrevem e<br />

instauram seus pontos de vista, tonando-se, portanto, autores do seu texto. Com base nas ideias de Foucault,<br />

Cutrim, Cruz e Lima (2015) afirmam que o autor é um indivíduo que assume uma função, que cumpre um<br />

determinado papel: o de escrever um texto. É nesse processo de escrita, que podemos observar outras vozes<br />

influenciarem o dizer dos alunos e seus discursos. É nesse gesto que o aluno passa da condição de indivíduo à<br />

condição de sujeito-autor, no momento em que torna o seu discurso singular, saindo do lugar comum e<br />

assumindo uma posição frente a uma determinada situação. Na próxima seção, teceremos algumas<br />

considerações sobre autoria na redação de um dos alunos do Entretextos.<br />

2. O discurso nos movimentos do sujeito<br />

Para Foucault, o autor é o princípio de agrupamento do discurso, unidade e origem de suas<br />

significações. O autor, portanto, é a figura que concede coerência ao discurso. A respeito desse conceito<br />

foucaultiano, Orlandi (1999), no entanto, alerta que o filósofo o restringe a certos discursos. Mesmo com essa<br />

ressalva, a autora entende que tal princípio é válido em realidades mais gerais, como no caso dos textos<br />

produzidos nas escolas, e nessa dimensão este artigo se posiciona de maneira semelhante à observação da<br />

pesquisadora. Desse modo, entendendo que o autor é uma instância discursiva que assume e que cumpre uma<br />

determinada função: “a de produzir um texto e materializar um discurso de forma particular, dissimulando,<br />

assim, o aspecto de repetição do dizer” (CUTRIM, CRUZ e LIMA, 2015, p.28). Entendemos que essa<br />

dissimulação da repetição no texto dos alunos constitui o seu trabalho de autoria, pois nesse ponto o candidato<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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