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Anais DCIMA Final-1

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Página 248<br />

camadas sociais brasileiras. Decidimos, então, desenvolver uma pesquisa que nos permitisse aprofundar<br />

nossos conhecimentos na área e investigar uma das facetas mais silenciosas e com índices mais crescentes<br />

desse fenômeno – a violência doméstica contra a mulher.<br />

Na Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, em<br />

Belém do Pará, promovida pela Organização dos Estados Americanos (OEA) (1994), foi oficialmente<br />

ratificada a definição de violência doméstica contra a mulher estabelecida pela ONU em 1993, como sendo<br />

qualquer ameaça de ato ou ato de violência de gênero que cause ou possa causar dano físico, sexual, psicológico<br />

ou sofrimento para a mulher, assim como qualquer tipo de coerção ou privação arbitrária de liberdade.<br />

Com base na fundamentação teórica adotada – Análise do Discurso à Luz da Metáfora (CAMERON,<br />

2003, 2007a, 2007b, 2008; CAMERON; DEIGNAN, 2009; CAMERON et al., 2009; e CAMERON;<br />

MASLEN, 2010) e Teoria da Metáfora Conceitual (LAKOFF, JOHNSON, 1980, 1999) – examinamos a<br />

figuratividade manifesta na emergência das metáforas sistemáticas, no contexto da interação verbal de vítimas<br />

diretas de violência doméstica, para expressão de seus sentimentos e ideias sobre tal fenômeno.<br />

Com o propósito de compreender esse fenômeno, buscamos responder à seguinte questão de pesquisa:<br />

Como as mulheres vítimas diretas de violência doméstica expressam seus sentimentos e ideias em relação a<br />

esse fenômeno por meio de linguagem figurada?<br />

1. Violência doméstica contra a mulher: agressor íntimo, dor frequente, sofrimento silencioso<br />

Esse tipo de violência fundamenta-se no contexto histórico, social e cultural em que ocorre e se faz<br />

presente em todos os momentos da história humana, refletindo as relações existentes entre homens e mulheres,<br />

marcadas pela desigualdade tão óbvia na submissão, na discriminação e na alardeada fragilidade da mulher.<br />

Os frequentes episódios de violência doméstica contra a mulher, que apresentam números ainda muito<br />

distantes da realidade, acontecem e constam da pauta diária da mídia, nas ocorrências policiais, como tragédias<br />

anunciadas. As estatísticas levantadas são falhas porque os registros de B.O., assim como as ocorrências<br />

policiais, ainda são muito poucos em consequência do silêncio das vítimas em relação à(s) agressão(ões) que<br />

sofrem, da sua recusa em denunciar o agressor íntimo e da sua estoica aceitação desse sofrimento por razões<br />

que incluem não só o medo, a certeza de que não vai dar em nada, o desamparo, a vergonha, o constrangimento,<br />

mas também a esperança de que a agressão sofrida tenha sido a última.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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