Anais DCIMA Final-1

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Por ser um fenômeno aparentemente irregular, esporádico e incondicionado, a metátese tem
despertado pouco interesse dos estudiosos dos processos fonológicos, que se voltaram com mais afinco a outros
fenômenos, do que resulta a escassez de estudos a respeito do tema (HORA; TELLES, 2009, p.348).
Neste trabalho, propomo-nos, portanto, a contribuir com os estudos referentes a este fenômeno,
analisando a ocorrência da metátese dos róticos (grupo de segmentos consonantais fonologicamente
relacionados entre si, mas com características articulatórias heterogêneas. Na Língua portuguesa, são
associados a segmentos relacionados com um som de r) no português falado no Maranhão e os fatores
extralinguísticos que condicionam a sua ocorrência, centrando-nos, neste primeiro momento, nas localidades
de São Luís e Pinheiro. De modo geral, visa-se, ainda, a contribuir para a descrição do Português falado no
Maranhão, sob a perspectiva fonético-fonológica.
1. Pressupostos teórico-metodológicos
A presente pesquisa, por sua natureza geossociolinguística, assenta-se nos pressupostos teóricos da
área, tendo como referencial, sobretudo, as obras de Cardoso (2010), Ferreira e Cardoso (1994) e Brandão
(1991). O trabalho em questão vale-se ainda das contribuições de estudiosos da metátese, como Aguilera
(2009) e Hora e Telles (2009).
A metodologia consistiu na recolha de dados a 12 informantes de duas localidades da Mesorregião
Norte Maranhense – São Luís e Pinheiro –, mediante aplicação de inquéritos pelo Projeto Atlas Linguístico do
Maranhão – ALiMA. Mais especificamente, os dados que constituem o corpus deste estudo originam-se de
respostas fornecidas a 22 questões do Questionário Fonético-Fonológico (QFF) do ALiMA, por informantes
que foram selecionados levando-se em conta as variáveis diatópica, diagenérica, diageracional e diastrática
(esta última apenas no município de São Luís, única localidade da rede de pontos do referido projeto que conta
com informantes com nível superior de escolarização).
Desse modo, os informantes encontram-se distribuídos de forma equitativa entre ambos os sexos, duas
faixas etárias, duas localidades e, em se tratando de São Luís, dois níveis de escolaridade – fundamental
completo e superior –, enquanto Pinheiro possui apenas informantes escolarizados até o nível fundamental.
Quanto à variação diageracional, duas faixas etárias foram consideradas: a faixa etária I, mais jovem,
contempla informantes de 18 a 30 anos de idade, e a faixa II, mais velha, abrange indivíduos entre 50 e 65
anos.
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