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Anais DCIMA Final-1

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Página 805<br />

Para Elias (1989, p.23), os relógios são invenções humanas já incorporadas no simbolismo da<br />

humanidade como forma de orientação e integração de aspectos físicos, biológicos, sociais e subjetivos. Dessa<br />

forma, a temporalidade está relacionada à consciência histórica dos atores sociais. Para ele, o tempo deve ser<br />

compreendido no contexto social onde está inserido, articulando-se com aspectos interdisciplinares e<br />

intersubjetivos. (Elias, 1993, p. 228).<br />

Este ensaio visa discutir como a fronteira do tempo invadiu a atividade laboral, canalizando as<br />

potencialidades do sujeito para os fins do capital, como uma construção histórica e social, tendo a memória<br />

como fio condutor que entrelaça outros aspectos relevantes como a subjetividade, a ética e o corpo. O objetivo<br />

dessa análise é relacionar a construção sócio-histórica do tempo às contradições existentes nas relações de<br />

trabalho, como também à memória, uma vez que o esquecimento dessas contradições contribui para a<br />

naturalização da exploração do modo capitalista de produção.<br />

Nesse sentido busca-se compreender as mudanças ocorridas no processo sócio-histórico do trabalho<br />

através do controle do tempo, dos movimentos e da memória, afetando a subjetividade do sujeito.<br />

O presente trabalho está constituído de uma introdução, na qual é apresentado o seu contexto. A seção<br />

seguinte discute a memória e sua relação com o tempo e com a subjetividade. A última seção finaliza com as<br />

inferências decorrentes do estudo.<br />

1. Temporalidade e suas relações.<br />

Desde os povos primitivos, a medição do tempo está relacionada com os processos familiares no rol<br />

das atividades domésticas, pastoris e no percurso que o sol realiza, do nascente ao poente, determinando a<br />

construção cultural do tempo e considerando a pressa como uma falta de “compostura” e sinônimo de “ambição<br />

diabólica”, conforme Thompsom (2005, p. 271).<br />

Sem dúvida, a desconsideração do tempo ainda acontece em comunidades cuja estrutura de mercado<br />

é mínima e as tarefas diárias são realizadas com base nas necessidades, determinando a temporalidade pela<br />

orientação por tarefas. Essa orientação é considerada humanamente compreensível, tendo pouca separação<br />

entre trabalho e vida, cujas relações sociais são inerentes.<br />

Nesse sentido, só é possível elaborar a memória a partir de um tempo, elemento intrínseco de<br />

composição da mesma, uma vez que a subjetividade estabelece relação a partir dos significados e percepções<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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