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Anais DCIMA Final-1

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Página 236<br />

1.A argumentação: da visão aristotélica ao pensamento contemporâneo<br />

Para melhor compreensão da origem da argumentação, é importante lembrar que, considerando o<br />

paradigma clássico de organização disciplinar, a argumentação integrou o conjunto de disciplinas que tinha<br />

como base a lógica, entendida como ‘a arte de pensar corretamente’, a retórica, por sua vez conhecida como<br />

‘a arte de falar bem’ e a dialética, considerada ‘a arte de dialogar bem’, o que explica sua estreita vinculação<br />

com esses sistemas que perduraram de Aristóteles até o final do século XIX.<br />

Segundo Plantin (1996), a retórica, tradicionalmente, foi uma criação de Córax e Tísias, na Sícilia, no<br />

ano de 427 do século V a.C., sendo introduzida em Atenas quando Górgias, um sofista siciliano, embaixador<br />

de sua cidade, tornou-se conhecido por seus discursos brilhantes, conquistando inúmeros discípulos. Floresceu,<br />

inicialmente, nos círculos políticos e forenses, em função da preocupação existente com o domínio verbal.<br />

Foi Aristóteles, discípulo de Platão que, contrariando o mestre, sistematizou o estudo da retórica,<br />

delimitando o seu alcance e buscando torná-la disciplina nobre, essencial para maiores pensadores gregos,<br />

estudou os documentos escritos por Górgias e seus discípulos, condensando-os em uma obra, A Retórica - um<br />

manual clássico, que inclui técnicas retóricas e orientações para a estruturação do discurso persuasivo.<br />

Aristóteles explica que:<br />

A retórica não é ciência, nem puro empirismo; não se funda no geral, mas no que<br />

produz as mais das vezes; não é prática, ou seja, não influi no comportamento<br />

geral da vida; nem é teorética, isto é, não tem por objeto a essência. É poética,<br />

visto que formula as regras da criação. Enfim, sua finalidade não é tanto<br />

persuadir quanto descobrir o que há de persuasivo em cada caso. Eis<br />

desmoronadas as pretensões sofistas que entendiam dever elevar ao nível de<br />

Ciência. Por outro lado, ela aparece realçada aos olhos daqueles que desejariam<br />

convertê-la apenas numa coletânea, num receituário, circunscrito aos casos<br />

particulares (ARISTOTELES, [s/d], p.22)<br />

Esclarece o filósofo, dessa forma, que, diferentemente da Ciência, que busca a verdade, que evidencia<br />

aquilo que é, a Retórica, conciliando dados racionais e emocionais, ao buscar persuadir, raciocina com base<br />

em coisas plausíveis, em opiniões, que podem ser reais ou não, mas que certamente apresentam possibilidades<br />

de concretização.<br />

Assim, considerando a perspectiva retórica, concebe-se a argumentação como um conjunto de<br />

estratégias que orientam a organização do discurso persuasivo.<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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