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Anais DCIMA Final-1

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Página 274<br />

escritor nenhum poderia escrever melhor aquela história- a visão de dentro da<br />

favela. (DANTAS, 1993, p.6).<br />

Carolina como autora despertou esse olhar acolhedor que fez sua literatura ser lida e conhecida. Acerca<br />

disso Leahy-Dios, (2013) acrescenta ainda que:<br />

Ele esperava um relato social da “mazelas da favela”, mas descobriu uma obra<br />

literária com vocabulário sofisticado, que ia além do relato das agruras de uma<br />

mulher negra, favelada, mãe solteira de três filhos, catadora de papel e outros<br />

objetos do lixo. Percebeu a arte, a poesia imbricada no texto e se encantou.<br />

(Leahy-Dios, 2013, p.28).<br />

Na linha de frente deste projeto aparece a narrativa subjetiva de Carolina Maria de Jesus, mulher<br />

favelada que escreve como alento para as condições precarizadas nesse ambiente. Este estudo se valerá da obra<br />

“Quarto de Despejo: diário de uma favelada” (2013), neste a autora conta os dramas do dia a dia de uma<br />

catadora de lixo, atividade que pratica para a subsistência da sua família.<br />

Nessa perspectiva, Carolina faz relatos analisando o mundo, suas aspirações, projetos pessoais,<br />

igualmente descreve a vida dos moradores da favela, o que faz de sua obra uma literatura realista.<br />

A respeito disto, Miranda (2013) ressalta que:<br />

1. Desenvolvimento do artigo<br />

A mulher negra, pobre, semianalfabeta não foi dado o direito ao discurso<br />

literário, mas somente a legitimidade da voz para denunciar um estado das<br />

coisas, que de resto incomodava muito na época dos “anos dourados”: a<br />

proliferação das favelas onde o capitalismo apresenta maior grau de<br />

desenvolvimento no país (MIRANDA, 2013, p. 19).<br />

No diário da favela, Carolina Maria de Jesus faz um relato de como a literatura pode dialogar com o<br />

social que podemos caracterizar pelo movimento da percepção de si, através da compreensão do tecido das<br />

relações que produzem o mundo social. Suas anotações, em forma de diários, permitem visualizar as oposições<br />

sociais, a experiência da pobreza e a privação da dignidade. Além disso, possibilitam vislumbrar como se forja<br />

a subjetividade do ator social, enquanto negra, favelada, analfabeta, que se descobre e se permite autora,<br />

mesmo falando a partir de uma condição de subalternidade (SPIVAK, 2010).<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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