Anais DCIMA Final-1

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a cidade, ou seja, investigar que acontecimentos fazem-nos perceber que, no bojo desse discurso literário, São
Luís é o espaço da esperança, da decadência e do universo das letras.
Assim, a relevância deste estudo centra-se no fato de observarmos que a literatura não se restringe a
apresentar um exercício criativo e intelectual de determinado escritor, mas sim que, em sua assunção, há um
diálogo com os fatos históricos e suas tensões, as quais são ressignificados na atmosfera ficcional. O discurso
literário apresentado em Vencidos e Degenerados é importante por ser uma fonte de leitura que propicia
reflexões acerca da atuação de uma memória sócio-histórica sobre a cidade de São Luís, cuja visibilidade é
realizada a partir da imbricação conflituosa com o homem que a habita.
A partir dessa concepção de que o texto literário é lugar de produções de discursos, utilizaremos como
aporte teórico a Análise do Discurso de vertente francesa, no que tange, especificamente, aos conceitos de
condições de produção, memória discursiva e interdiscurso dispostos pelo filósofo Michel Pêcheux, uma das
bases teóricas para esse campo epistemológico.
Isto posto, observemos como a arquitetura discursiva sobre São Luís foi articulada através do
discurso literário, o qual mobiliza em sua conjuntura uma teia de sentidos oriunda do trabalho da história e do
simbólico.
1. Condições de Produção, Memória discursiva, Interdiscurso: a abordagem pecheutiana
A caminhada de Michel Pêcheux na Análise do Discurso francesa durou as três fases delineadas do
bojo histórico, teórico e metodológico dessa disciplina. Assim, do entremeio de 1960 até meados da década de
1980, algumas das posturas da “visada pecheutiana” foram remodeladas, outras incluídas e algumas persistiram
ao longo do tempo.
No primeiro momento da AD, Pêcheux lançou suas bases discursivas sobre conceitos clássicos, como
o primado das formações ideológicas sobre as formações discursivas; a interpelação do sujeito pela ideologia,
sendo este assujeitado e “iludido” quanto à utilização de seus discursos e o pressuposto de que o(s) sentido(s)
de um texto seria(m) vinculado(s) a um exterior ideológico.
No que se refere ao segundo período da AD, houve o abrangimento da materialidade discursiva, com
a ampliação das “fontes de análise”, as quais não se limitariam mais a textos políticos; a revisitação da
formação discursiva foucaultiana, que em Pêcheux, permaneceria diretamente proporcional aos embates de
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