Capa da TESE - Fesete

Segundo Lima a maior ou menor amplitude da definição profissional reflecte porvezes lógicas diferenciadas na indústria e nos serviços. Na indústria, nomeadamente, asconvenções colectivas descrevem os postos de trabalho e respectivos conteúdos (categoriasprofissionais) com grande exaustividade, com precisões factuais em termos de tarefas,equipamentos utilizados ou dados ambientais. As profissões dos serviços, no contexto dossectores industriais, apresentando algumas diferenças, tendem a definir-se também por relaçãocom o posto de trabalho. Já no contexto do terciário emergiu gradualmente uma outra lógica(terciário moderno) em que se considera não o posto de trabalho mas o emprego, definindo-secomo unidade de avaliação um perfil de amplitude profissional mais alargada, substituindo-seà lógica de identificação de tarefas, a de actividades e missões, garantindo maior flexibilidadee adaptabilidade e reduzindo o número de categorias profissionais.Numa primeira fase, segundo Lima, a hierarquização em níveis de classificação, não édefinida tendo por referência critérios classificatórios explícitos. A valorização dos factoresrelativos às exigências dos postos de trabalho ou do emprego e/ou das qualificações ecompetências dos trabalhadores, pode estar mais ou menos subjacente, encontrando-seindicações relativas à complexidade do trabalho, à tecnicidade, à experiência profissional e àformação, mas não é formalmente explicitada a combinatória de critérios de classificação(Lima, 2004, p. 122).No estudo da flexibilidade do emprego Kovacs recomenda que se faça uma distinçãoentre a flexibilidade quantitativa e qualitativa. Nos meios empresariais e políticos existe umaforte convicção de que a flexibilidade quantitativa assente na variação do volume de emprego,dos salários, dos horários de trabalho e do local de trabalho é um factor importante para oaumento da competitividade. Porém, segundo Kovacs, a flexibilidade pode ser analisadanuma perspectiva mais qualitativa, quer no que respeita à organização, quer às pessoas. Nestaperspectiva a flexibilidade qualitativa está associada à capacidade de adaptação rápida dosindivíduos, grupos, unidades e da organização da empresa em geral às novas exigências eoportunidades. Esta capacidade alcança-se pela qualificação polivalente, novos perfisprofissionais, práticas de gestão participativas e compromissos a longo prazo entreempregadores e trabalhadores. A flexibilidade qualitativa implica novas formas deorganização no trabalho, elevada qualidade nos produtos e serviços e também no emprego econdições de trabalho. Estas duas lógicas de flexibilidade, quantitativa e qualitativa coexisteme complementam-se no seio das redes empresariais (Kovacs, 2005, pp. 17-18).Segundo Rodrigues as estratégias de flexibilidade podem diferir sendo mais ofensivasou defensivas. A flexibilidade defensiva tende a estar associada à competitividade peloscustos, enquanto a flexibilidade ofensiva tende a relacionar-se pela inovação (Rodrigues,134