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Capa da TESE - Fesete

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noção do trabalhador colectivo, que o brilho fantasmagórico <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>, <strong>da</strong>s TIC e dosgigantescos lucros empresariais, deixa permanentemente na sombra.Um exemplo <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong>s TIC citado por Castillo, é a Zara (empresa-internet),uma <strong>da</strong>s marcas do grupo espanhol INDITEX. O seu sistema organizacional é baseado nacomunicação electrónica e processado pela Internet. Apenas precisa de quinze dias paraconceber e colocar no mercado global um dos seus produtos. Embora este grupo tenharecursos próprios nas diversas fases <strong>da</strong> cadeia de valor, na concepção, fabrico, distribuição elojas de ven<strong>da</strong> ao consumidor, uma parte <strong>da</strong> sua produção é confecciona<strong>da</strong> porsubcontratantes dentro de Espanha, em vários países, entre eles Portugal e vários continentes.Nós podemos acrescentar que também no calçado a INDITEX utiliza em Portugal um sistemaorganizacional idêntico à marca Zara. Tomamos conhecimento e detectamos no concelho deFelgueiras, o concelho português mais importante na produção de calçado em couro,empresas subcontrata<strong>da</strong>s pelo grupo INDITEX, as quais por sua iniciativa subcontratam parte<strong>da</strong> produção para a INDITEX a outras empresas e para espaços domésticos, onde foramdetecta<strong>da</strong>s crianças a cozer componentes de calçado ain<strong>da</strong> em i<strong>da</strong>de escolar. Ou seja, comorefere Castillo, estamos perante um processo de subcontratação em cascata, onde adiferenciação <strong>da</strong>s condições de trabalho e de emprego são evidentes.As empresas, tecem e destecem uma rede mundial através <strong>da</strong> qual procuram fazerbaixar os custos do trabalho, apoiando-se nas facili<strong>da</strong>des proporciona<strong>da</strong>s pelas TIC e novasredes de comunicação, na desregulação <strong>da</strong>s relações de emprego e na cumplici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>sautori<strong>da</strong>des políticas. Hoje é possível às empresas terem departamentos de marketing even<strong>da</strong>s nas aveni<strong>da</strong>s de Nova Iorque ou Madrid, centros de investigação e concepção emSilicon Valley ou Genebra e colocar a fase <strong>da</strong> produção no Brasil, na China, em Marrocos, ouaté em Portugal.Os meios de comunicação hoje difundem insistentemente representações e conceitosem relação ao mundo do trabalho, dizendo-nos que estamos na “socie<strong>da</strong>de de informação” oudo “conhecimento”, pelo que a formação e a qualificação dos trabalhadores é imprescindívelpara a competição global. To<strong>da</strong>via, o que se vê no terreno parece, segundo Castillo, na<strong>da</strong> ter aver com esse mundo ideal. Cresce o desemprego, aumentam as doenças profissionais e osacidentes de trabalho; cresce o trabalho por turnos, desarticulando a vi<strong>da</strong> laboral e familiar;assistimos à descolectivização <strong>da</strong>s férias e cresce o trabalho ao sábado e domingo. Nósacrescentamos a Castillo, que cresce também em Portugal o duplo emprego e o consequenteaumento <strong>da</strong>s horas semanais de trabalho, como um meio para responder ao crescenteendivi<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s famílias sujeitas a uma pressão brutal para o consumo. O que se torna ca<strong>da</strong>vez mais visível é a transformação do emprego numa tendência para a precarie<strong>da</strong>de e a27

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