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Capa da TESE - Fesete

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emprego o trabalho remunerado não é apenas um meio de produção de riqueza, mas tambémum meio de integração social. O trabalho remunerado num emprego com duraçãoindetermina<strong>da</strong>, salário regular colectivamente negociado e um conjunto de direitos egarantias, tornou-se numa importante fonte de desenvolvimento emocional, ético e cognitivodos indivíduos e, concomitantemente, conferiu estatuto social ao trabalhador. Porém, estemodelo de emprego encontra-se em crise (Kovacs, 2005, p. 12).A estabili<strong>da</strong>de do emprego, articula<strong>da</strong> com o desenvolvimento e o crescimentorelativamente regular, negociado, dos salários, foi uma <strong>da</strong>s tendências que caracterizou operíodo pós Segun<strong>da</strong> Guerra Mundial até ao princípio dos anos setenta. A relação de empregopara além de estável, assentava numa base homogénea e o mercado de trabalho funcionava deacordo com normas uniformes. Esta relação de emprego nasce de um compromisso produtivo,que se desenvolvia a dois níveis: o nível microeconómico (<strong>da</strong> empresa) e o nívelmacroeconómico (nacional e sectorial). Segundo Cerdeira, este compromisso continha duascaracterísticas importantes: de um lado, a aceitação pelos sindicatos <strong>da</strong>s prerrogativaspatronais em matéria <strong>da</strong> organização do trabalho e de definição <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de do trabalho, <strong>da</strong>tecnologia e <strong>da</strong> política de produtos, em contraparti<strong>da</strong> de aumentos salariais, com efeitos namelhoria <strong>da</strong>s condições de vi<strong>da</strong> dos trabalhadores; de um outro lado, a negociação entrepatrões e sindicatos, com a intervenção, ou não, directa do Estado, ao nível sectorial e/ounacional <strong>da</strong>s convenções colectivas de trabalho. Este compromisso constituiu as bases de umciclo virtuoso fordiano, que articulou uma produção de massas e um consumo de massas,como factores de aumento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de e de acumulação de capital (Cerdeira, 2005, pp.93-94).A socie<strong>da</strong>de dos “trinta anos gloriosos”, embora tenha sido palco de grandes conflitosentre o capital e o trabalho, de uma grande repressão sindical e de forte exploração dostrabalhadores, ao mesmo tempo, foi, também, uma socie<strong>da</strong>de de crescimento, de integraçãosocial, nomea<strong>da</strong>mente, nos países europeus com regimes políticos democráticos. O Estado–Providência com as suas políticas de regulação e distribuição, foi parte integrante do processode coesão social, assegurando quer a estabili<strong>da</strong>de, quer a previsibili<strong>da</strong>de. Neste período ocontrato individual de trabalho caracterizava-se por uma relação de subordinação doassalariado relativamente ao empregador, por tempo indeterminado, horário de trabalhocompleto, um local de trabalho bem circunscrito, uma concepção hierárquica e colectiva <strong>da</strong>srelações de trabalho e uma formalização relativamente fecha<strong>da</strong> do elo qualificaçãoclassificaçãoque tornava difícil a mobili<strong>da</strong>de e a polivalência. O “emprego para to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong>”solidificava as representações sociais, orientava os comportamentos de consumo e de vi<strong>da</strong> dos37

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