Capa da TESE - Fesete

financeiros é um outro aspecto central da mudança e os seus efeitos são acelerados pelosdesenvolvimentos das TIC. A actividade das multinacionais traduz-se na crescenteinternacionalização da produção. As inovações no plano tecnológico e organizacional e a suadifusão são outro fenómeno a considerar. Finalmente, as mudanças políticas do leste europeu,o desenvolvimento de instituições políticas supranacionais, como a União Europeia,exprimem um novo quadro de interdependência, (Lima, 2004, pp. 59-60).Nesta nova fase de internacionalização da produção, o fenómeno das deslocalizaçõesdas empresas multinacionais é para Supiot uma boa ilustração dos efeitos induzidos pelacolocação das normas em concorrência e dos desvios do princípio da livre concorrência a queela conduz. Quando uma empresa se estabelece noutro país para aí conquistar parcelas demercado, vai concorrer com outras empresas submetidas às mesmas regras sociais, fiscais,ambientais e outras, que regem esse mercado. Se tiver um bom desempenho, esta empresadará resultados a repartir entre ela e a população local. Ou seja, a liberdade de investimento, alivre e sã concorrência operam como instrumentos de melhoria da situação material dapopulação. Quando, pelo contrário, uma empresa deslocaliza a sua actividade para reimportarde seguida os produtos elaborados em contravenção das regras sociais, fiscais, ambientais eoutras do país de origem, não são os produtos que são postos em concorrência, mas sim, ossistemas normativos.Esta prática das deslocalizações com o objectivo de reimportação dos produtos (hojevisível nos têxteis, vestuário, calçado, mobiliário, indústria de componentes e sectorautomóvel), ameaça e pode levar nos próximos anos ao desaparecimento de importantessectores de actividade económica e de centenas de milhares de postos de trabalho na UE. Odebate sobre o emprego não pode continuar cingido ao direito ao trabalho; exige-se repor emquestão o regime jurídico do comércio internacional. Caso contrário, os riscos de aumento dodesemprego e de um regresso ao proteccionismo e aos nacionalismos é hoje e no futuro maiselevado (Supiot, 2005, pp. 138-139).Numa das suas obras mais recentes ao analisar os principais traços da liberalização,Hyman releva: a intensificação da concorrência entre países; a internacionalização das cadeiasprodutivas dentro das empresas transnacionais que estão desligadas dos quadros regulatóriosdos sistemas nacionais de relações laborais; a mão visível das empresas transnacionais queinterage com a mão invisível cada vez mais coerciva do capital financeiro, num contexto deliberalização e desregulação do capital internacional e dos mercados monetários, criando umquadro altamente volátil de fluxos de capital.Segundo Hyman o modo de conceptualizar os desenvolvimentos dos últimos anos évê-los como uma forma de desnacionalização das relações laborais. As dinâmicas dos30