14.04.2017 Views

Direito Penal Esquematizado - Parte-Geral - 5ª Ed. - 2016 (1)

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Cremos que seria um exagero afirmar que o finalismo faz parte do passado. Muito pelo contrário.<br />

Tanto na doutrina estrangeira quanto na nacional, há destacados penalistas que discordam do<br />

funcionalismo (racional​-teleológico de Roxin ou sistêmico de Jakobs) e propõem a correção do sistema<br />

de Hans Welzel. Entre alguns autores, podemos citar José Cerezo Mir, Miguel Reale Jr. e Cezar Roberto<br />

Bitencourt.<br />

Há, ainda, aqueles que defendem a manutenção das bases filosóficas finalistas, com a incorporação<br />

de algumas teorias (como a imputação objetiva) advindas do funcionalismo, como é o caso de Damásio<br />

de Jesus.<br />

Reale Jr. argumenta que o sistema finalista é superior ao funcionalista, dentre outras razões, por<br />

propiciar maior segurança jurídica, elemento indispensável sobretudo no campo do <strong>Direito</strong> <strong>Penal</strong>.<br />

De acordo com o autor: “E o sistema torna​-se mais firmemente instrumento de segurança jurídica se<br />

fundado em bases ontológicas, em uma estrutura lógico​-obje​tiva tal como propõe o finalismo,<br />

considerando​-se, recentemente, que a construção da ação e do delito a partir da natureza das coisas foi<br />

uma das ‘mais importantes contribuições da história do direito penal’” 281.<br />

■ 12.6. SISTEMA FUNCIONALISTA<br />

■ 12.6.1. Origem e base filosófica<br />

Nunca é demais lembrar que a meta principal de um sistema penal reside em conhecer, definir,<br />

estruturar e inter​-relacionar os elementos que integram o conceito analítico do crime e, com isto,<br />

propiciar uma aplicação segura e previsível do <strong>Direito</strong> <strong>Penal</strong>.<br />

O sistema funcionalista vai além: propõe que, além disso, deva o jurista cuidar de construir um<br />

conceito de delito que atenda à função do <strong>Direito</strong> <strong>Penal</strong>, vez que este não é um fim em si mesmo.<br />

Com essa nova diretriz em mente, o sistema, além de harmônico e previsível, será justo.<br />

Para isso, faz​-se necessário romper com um paradigma adotado desde o sistema clássico até o<br />

finalista: o de que ao jurista incumbe exclusivamente cuidar da dogmática e, ao legislador, compete a<br />

tarefa de definir a política criminal.<br />

Durante o século passado, a maioria dos autores propôs que a construção do trabalho sistemático em<br />

<strong>Direito</strong> <strong>Penal</strong> devesse ser alheia e, além disso, contrária a toda espécie de finalidade político​-criminal.<br />

Esse tipo de opinião se mostrava claramente formulado, por exemplo, na obra de Von Liszt. Tal<br />

pensamento carrega, indiscutivelmente, uma influência do positivismo (jurídico), segundo o qual a<br />

dogmática deve ser analisada sem qualquer influência das dimensões sociais ou políticas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!