19.02.2013 Views

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

SITUACAO DA AIDS NO BRASIL:<br />

ASPECTOS PSICOTERAPICOS E ETICOS<br />

FRIDA ZOLTY<br />

Conselho Re#onal <strong>de</strong> Psicolosa .6a. Regiro<br />

Falar d, Am S é falar diretamente <strong>de</strong> morte. Mais diffdlainda, falar <strong>de</strong> morte,<br />

da m rsm ctiva da ajuda, do auxlYo, da vida. Enqlmnto portador <strong>de</strong> doença fatal o<br />

paciente aidético po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rado como qualquer outro pa<strong>de</strong>nte terminal, o<br />

que por si sö j; torna o nosso contato bastante diffcil. Mais do que iso, ele nâb sö<br />

sofre o famoso estin a social - por ser consi<strong>de</strong>rado 1lm indivfduo <strong>de</strong> hibitos prom<br />

fscuos e pouco louviveis - como nos traz dados novos e importantes: no seu c%o, a<br />

doença veio atravës do contato com outra pessoa e, no mesmo instante em que se contamina,<br />

e1e se torna capaz <strong>de</strong> contmninar outros. Agredido e agressor no mesmo instante,<br />

na mesm a pessoa. O aidëtico tem para a sua vida 1Im limite pröxim o, certo, esperado<br />

m as esse mesmo limite 1he dâ, por certo tempo, um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> morte sobre<br />

outras pessoas que o cercam e e1e po<strong>de</strong>, se quiser, se colocar na condiç:o <strong>de</strong> agente<br />

do limite da vida do outro. E esse aspecto em particular que faz com que o acompanhamento<br />

psicoterfpico do aidëtico seja, ainda, mais diffdl do que o das <strong>de</strong>mais doen-<br />

9as<br />

terminais e é, hoje, lma das gran<strong>de</strong>s preocupaçses dos profissionais-penso que todos<br />

nös, que na maioria das vezes suportamos tâo m al os limites que nos sâo impostos,<br />

po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r a raiva que se apo<strong>de</strong>ra daquele que se sente privado <strong>de</strong> algo<br />

que, na sua vida, todos os outros <strong>de</strong>sfrutam e que, apavante, lhe foi tirado por 1lm<br />

outro humano. A <strong>de</strong>struiçïo do bem do outro, o roubo, sâb caminhos conhecidos da<br />

nossa fantasia porque, embora nâb melhorando çtminhas condiçies pessoais' faz com<br />

que se torne menor a tdiferença entre eu e o outro''. Faz tambdm com que eu possa<br />

me ver forte ao invés <strong>de</strong> fraco, dominador e nâb dominado, agente. Sabe-se que o terapeuta<br />

trabalha com a palavra, sabe-se que o lugar <strong>de</strong> honra do psicölogo d dado à fantasia<br />

mas as discussöes éticas começam quando o sofrimento faz com que a representaçâb<br />

das iddiu nâb tenlm mais valor e que tudo o que foi apresentado atd agora passe da<br />

palavra para o concreto.<br />

Nesse momento, talvez nos auxilie em pouco po<strong>de</strong>r repensar nossa ftmçâo<br />

primeira junto ao paciente - tanto o paciente aidético quanto os <strong>de</strong>mais - e procurar<br />

a safda mais a<strong>de</strong>quada. A nossa posiçâo em nossa sala <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>ve se caracterizar,<br />

na medida do possfvel, por <strong>de</strong>ixar vazio o espaço <strong>de</strong> tal forma que e1e possa ser ocupado<br />

m lo <strong>de</strong>sejo do paciente. O cliente nos coloca sucessivamente e âs vezes, simultâneamente,<br />

nas mais diversas posiçöes e <strong>de</strong>vemos ter condiça s <strong>de</strong> aceitar papéis femininos,<br />

masclxlino, po<strong>de</strong>rosos e/ou fra#lizados. E com a sua fantasia colocada em nös que e1e<br />

611

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!