19.02.2013 Views

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

362<br />

Sabemos, da antropologa, que em quase todas as culturas existe algum tipo<br />

<strong>de</strong> padronizalo nos comportamentos baseada no sexo, explicada m la necesida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cooperaçâo entre as pessoas do grupo. A colaboraçâo sexzml tem ltma natureza fdrtil '<br />

e construtiva e é lma base poufvel <strong>de</strong> construçfo da vida social. (Mead, 1949; Dou-<br />

' '<br />

gla, 1976 e D'Eaubonne, 1977).<br />

Sabemos tambëm que o corpo simbölico tem dominM da sobre o corpo ffsico,<br />

que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero tem maior mso que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sexual (Money e<br />

Tucker, 19à1). Os esteHötipos sexuais nTo sâo redutfveis âs diferenças sexluin irredutfveis,<br />

ou seja, nro sTo baseados no fato exclusivo <strong>de</strong> sö o HOMEM FFXIJNDAR e sö<br />

a M ULHRR MENSTRUAR, GESTAR e AMAMENTAR.POrtD tO, nenhum esteriôtipo<br />

sexual é inalterivel. A socieda<strong>de</strong> tem llmg po%ibilida<strong>de</strong> quase ilimitada para escolher e<br />

<strong>de</strong>terminaz papéis, papdis que norlm lmente constituem estereötipoà culturais que , por<br />

sua vez, vâo personificar os acordos gerzs entre nm vupo <strong>de</strong> mssoas. Os acordos chamados<br />

por Hëlio Pelegrino <strong>de</strong> çpacto com a Izi da Cultura' e que m rmitem ao indivfdgo<br />

ter acesso à cultura e à socieda<strong>de</strong>, dâ-lhe direitos e impöe-lhe <strong>de</strong>veres (Pelepino,<br />

1983). Entre as vlrias coisas que po<strong>de</strong>ria expor, gostaria aqui <strong>de</strong> am plificar, nos 1imites<br />

do tempo previsto, o que se po<strong>de</strong> vislumbrar da crise <strong>de</strong> nosso pacto cultural <strong>de</strong><br />

importantes repercussöes na constituiçâo da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sexual adulta .<br />

Em noso pacto cultural, marcado pela tradiçâo judaico-cristf, o protötipo da<br />

m lher moldada por Deus Pai e Todo Po<strong>de</strong>roso ë a EVA. Propöe a Izi que EW seja:<br />

MU1 HRR DE (algnm Adâo), porque foi cziado da sua costela (pedaço do homem e<br />

nàb criaçâo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte), sua auxiliar e comm nheira; que sua posiWo sodal esteja<br />

atrelada à responsabilida<strong>de</strong> pela preservalo do cunmento e a felicida<strong>de</strong> do lar (marido<br />

e ftlhos). Essa mesma Izi exige que as relaçses sexuais sejxm iniciadas em estado <strong>de</strong><br />

purez-a e tranquilida<strong>de</strong> morais (virginda<strong>de</strong>), sejam heterosexuais e que a contindncia<br />

sexual seja prescrita inclusive no casamento (para o homem e a'm lher) e consi<strong>de</strong>ra<br />

toda secreç:o ou sangramento dos 6rgâos stxuais hllm anos como impureza contlminadora.<br />

. Que ' faar com ai potencialidadès humanas qxclufdas da tzi? A sexlulida<strong>de</strong><br />

vivida c011 prazer, a rehçlo amorosa entre iguais, as virtualida<strong>de</strong>s presentes na mlvlher<br />

e nâb previstas enquanto papel? A pröpria tradiçfo oficial se ençarregou <strong>de</strong> constre<br />

um mito <strong>de</strong> exclusâo que explica a <strong>de</strong>monizalo <strong>de</strong>ses elementos interditos projetados<br />

todo' s na mulher e sua compnnheira-serpente: o mito <strong>de</strong> LILITH , pdmeira mulher<br />

<strong>de</strong> Adfo, bquela da pn'meira versâb da criaçâb qlmndo Deus criou o homem à sua ima-<br />

gem' e tf RIOU-OS MACHO E FX EA' (Gen. 1:28). Ao mesmo tempo e do mesmo<br />

'<br />

barro, E1e criou o homem e a mllher.<br />

O mito, encontrado nos escritos sum érios e acadianos, no Zohaz , nos testelln<br />

'<br />

m hos orais dos rablnos sobre o Genisis / 1lm mito <strong>de</strong> exclusâb, que provavelmente<br />

representa na'fantasia as manifestaWes compensatörias do incons<strong>de</strong>nte coletivo frente

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!