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j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

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2. Na ltistöria da antropolosa brasileira, Rorestan Fernm <strong>de</strong>s (1958) assinala<br />

a aplicalo <strong>de</strong> testes psicolô#cos entre os fndios Kningang <strong>de</strong> Ivaf, no infdo dos anos<br />

50, por lma equipe <strong>de</strong> psicölogos relmida pelo antropôlogo Herbert Baldus. Os resultados<br />

<strong>de</strong>ssa investigaçâo fornm publicados em sucessivos nfxmeros da Revista do Mluelz<br />

Paulhta (vol. 1, s/d, vol. VII e V II, 1953). O objetivo era investigar 'tos traços <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>'<br />

dos ïndios taingang, e os testes aplicados foram o Psicodiagnöstico <strong>de</strong><br />

Rorschach e o PM K <strong>de</strong> Mira y Lopes. Foram exnminados 24 homens e 8 m lberes. Os<br />

testes foram levantados e lterpretados por Aniela Ginsberg e Cfcero Cristiano <strong>de</strong><br />

Souza para o Rorschach, e Cinira Menezes para o PM K. Fernan<strong>de</strong>s assinala que as provas<br />

foram aplicad% 'tem condiçöes <strong>de</strong>sfayorfveis <strong>de</strong> administraWo, algumas atë contraindicadas<br />

nas iespectiv% tëcnicM ' (1958, p. 65), e conclui ç'f öbvio que a ano se dos<br />

três especialistas p6e em eviddncia traços <strong>de</strong> m nonalida<strong>de</strong> dos Kaingang que interessam<br />

â investigaçâo etnolö#ca. Contudo, esa exmridnda pioneira sùgere duas coisas.<br />

Primeiro, que o uso <strong>de</strong> testes psicoldgcos sö d renlmente produEvo qlnndo eles sfo<br />

empregados para obter conhecimentos que nTo sTo acesfveis à etnologa atravds <strong>de</strong><br />

suas técnic% regulares <strong>de</strong> pesquisa, e que se torna recomendivel controlar e completar<br />

os seus resultados por meio <strong>de</strong>ssas fltimas' (1958, p. 66). Meio sdculo <strong>de</strong>pois da<br />

exm riência pioneira <strong>de</strong> Rivyrs, esse balanço nfo d anim ador.<br />

3. O tmimo exemplo diz respeito a aplicalo do Rorschach em pessoas pertencentes<br />

a comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> candomblë. Como exemplo <strong>de</strong> investigaçâb clissica, po<strong>de</strong> ser<br />

citado o trabnlho <strong>de</strong> Aupas e Corrda (1979) com utilizaçâo <strong>de</strong>ssa tëcnica para aferir<br />

a presença/ausdncia' <strong>de</strong> traços <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>, esperados a m eir da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> mftica<br />

<strong>de</strong> pessoas iniciadas. Bem mais estimulante, contudo, d a exm ridnda relatada por Renë<br />

Ribeiro (1982), e ocorida em meio aoà anos 50. Vinha e1e entrevistando pesoas ligadas<br />

ao xarlgô <strong>de</strong> Redfe, e aplicando o Rorschach para <strong>de</strong>terminada m squksa, qllnndo se<br />

espalhou, em meio ao m ssoal-<strong>de</strong>-santo, que e1e estaria praticando lma forma nova <strong>de</strong><br />

adivinhaçïo, técrtica diferente do jogo <strong>de</strong> buzios, mas extremamente es<strong>de</strong>nte. Conta<br />

como foi procurado por um a venerâvel mfe-<strong>de</strong>ianto, que insistiù tanto que Ribeiro<br />

ace<strong>de</strong>u ao seu <strong>de</strong>sejo. Primeiro aplicou normalmente o Rorschach, <strong>de</strong>pois apresentou<br />

novamente as respostas, que e1a interpretou em relaçfo ao seu pröprio sistema simbölico,<br />

fomecendo dados extyemxmente interesju tes sobre a sua maneira <strong>de</strong> elaborar<br />

conlguraçöes simbölicas. Nrsse cao, o Rorschach per<strong>de</strong>u sua ftmçIo <strong>de</strong> teste psicolögco,<br />

foi reinterpretado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> outro sistema simbölico, e na verda<strong>de</strong> foi completnmente<br />

<strong>de</strong>svirtuado <strong>de</strong> sua flmçâo. Esse caso, relatado por R. Ribeiro com toda a graça<br />

que lhe é m culiar, ilustra clarnmente aquilo que postula a psicologa da cultura: nâb<br />

faz senqdo aplicar teste alpxm fora do seu xmiverso <strong>de</strong> referdndas simbölicas .

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