19.02.2013 Views

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

438<br />

epistemol6gica, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rei a importM cia do estudo do comportamento animal como<br />

parte essencial <strong>de</strong> Ilma abordagem teörica aos fenômenos psicolöscos. Colocar-meei<br />

junto a Morin na proposta <strong>de</strong> lma tjunçeâo epistemolögca' (soudure epistëmologique)<br />

que permita tom ar todo ato hum ano como 'çao mesmo tempo totalmente biol6gico e<br />

totalmente cultural'' '<br />

UM OBSTXCUIA CARTESIANO<br />

Um dos obsticulos bâsicos à integraçâo dos estudos <strong>de</strong> comportamento animal<br />

na <strong>Psicologia</strong> talvez provenha do 'legado cartesiano. Descartes ë com muita proprieda<strong>de</strong><br />

citado como uma das influéncias m ais po<strong>de</strong>rosas sobre o pensamento psicolögico,<br />

tanto pela sua proposta mecanicista a respeito do funcionamento do organismo (prenfmcio<br />

para as neuro-fisiolosas <strong>de</strong> hoje e possfvel origem para a explicaçâb do comportamento<br />

enquanto comportamento) como pelo dualismo, que instaura tun domfnio subjetivo<br />

como objeto <strong>de</strong> observaçâo introspectiva.A firme distinçâo que Descartes esteelece<br />

entre o psiquismo humano e o funcionamento anim al ë menos lembrada. Num trecho<br />

do Discours <strong>de</strong> la M ëtho<strong>de</strong> que acho admirâvel e lécido embora, a meu ver, <strong>de</strong> implicaçöes<br />

negativas, Descartes concebe uma mâquina que pu<strong>de</strong>sse proferir palavras e mesmo<br />

reagir (por exemplo, se tocadal: e1a seria facilmente i<strong>de</strong>ntificada como mfquina pelo<br />

seu funcionamento restrito. Do mesmo jeito, animais nTo po<strong>de</strong>rim ser nunca confundidos<br />

com seres humanos porque nâo dispöem <strong>de</strong> linguagem , <strong>de</strong>sta linguagem que m esmo<br />

o mais débil dos homens consegue tkGr: Et ceci tëmoigne pas seulement que 1es<br />

bétes ont moins <strong>de</strong> raison que 1es hommes, mais qu'elles n'en ont point du tout'. Nel%,<br />

a natureza age çtpela disposiçâo <strong>de</strong> seus örgâos' (dirfamos: atravds dos instintos).<br />

Nâb é difïcil reconhecer posiçöes semelhantes em m uitos filösofos e psicölogos<br />

e mesmo no senso com lm. Nâb se nega algum a semelhança entre o homem e os<br />

animaij (nem mçsmo Descartes chegou a negar), mas toma-se ltma caracterïstica -<br />

linguagem, cogniçâo, ctltura, histöria, etc. - como critdlio <strong>de</strong> incomensurabilida<strong>de</strong>,<br />

linha divisöria irredutfvel. Justifica-se, a partir da cisâb ontolögica, 'lma cisâb epistemolögica<br />

e um a cisâo metodol6gica. O estudo do comportpmento nnimal pertence aos<br />

<strong>de</strong>partnknentos <strong>de</strong> cidncias biolögicas. '<br />

REDUG OM SMO<br />

A afirm açâo <strong>de</strong> estrita semelhmwa entre homem e animais, passagem do p:ndulo<br />

para o extremo oposto, foi a justificativa para o uso do animal no laboratörio <strong>de</strong><br />

Psicolo/a, num longo perfodo que se inicia com Thorndike. çTormnlmente', escreve<br />

este, :ço caranguejo, o peixe, o cachoro, o macaco e o nen: tem intelectos. . . muito<br />

semelhantes. Sâo todos sistem% <strong>de</strong> 'conexöçs, sujeit>s a mudanças atravds das leis do<br />

exercfcio e do efeito (1911, P. 280). '

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!