19.02.2013 Views

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

102<br />

cida<strong>de</strong> do lkio <strong>de</strong> Janeiro, que ë com certeza vista como um dos maiores centros <strong>de</strong><br />

vanguarda no Brasil (e jâ o era h; 20 ou 30 anos). A socieda<strong>de</strong> carioca até a ddcada <strong>de</strong><br />

50 e infdo da década <strong>de</strong> 60 era mna socieda<strong>de</strong> bastante tradicional. Obe<strong>de</strong>cia-se a um<br />

conjunto <strong>de</strong> normas e observava-se 1xm conjunto <strong>de</strong> mlores bastante rïgidos e, é importante<br />

lembrar, vélido para nm' plos segmentos da socieda<strong>de</strong>. A <strong>de</strong>speito das diferenças<br />

que sempre existiram entre estes segmentos, havià; <strong>de</strong> modo geral, 1lm gran<strong>de</strong> respeito<br />

â. hierarquia, a valores morais rfgidos e asim/tricos para homem e m lher (a virsnda<strong>de</strong><br />

e a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> conjugal eram, por exemplo, esperadas somente da m lher) e a uma divisâb<br />

bem-<strong>de</strong>marcada <strong>de</strong> papdis, sentimentos e formas <strong>de</strong> expressâo vistas como pröprias<br />

para membros' <strong>de</strong> ' diferentes sexos, ida<strong>de</strong>s ou posiçöes sociais e familiares (do tipo<br />

marido-provedor/mulher-dona <strong>de</strong> casa, menino nâb chora nem brinca com bonecas, os<br />

niais jovens <strong>de</strong>vem rejpeito aos mais ve lh os, e tc . ) . Ou sejà , a experidncia dos sujeitos<br />

era quase sempre organizada <strong>de</strong> fora dado que havia regras sociais (que eram obe<strong>de</strong>cidas<br />

e respeitadas) para quase tudo. A norma (e o singular é intencional) era tâo visfvel<br />

qu e Possibilitava<br />

a existdncia <strong>de</strong> uma categoria que hoje caiu em <strong>de</strong>suso: a <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio<br />

(hoje nâo se diz mais que algudm : <strong>de</strong>sviante pois, dada a pluralizaçâo <strong>de</strong> normas que<br />

faz parte da mo<strong>de</strong>rrtizaçâo, nâb hâ mais <strong>de</strong>svio, hâ somente idiossincrasia).<br />

. . : '<br />

Pois bem, num curto espaço <strong>de</strong> . tempo (com certeza inferior às jâ menciona-<br />

das duas éltim% décadas dado que a mo<strong>de</strong>rnizwâo atingu o seu âpice hâ jâ alguns<br />

anos) a socieda<strong>de</strong> carioca ( ou, pelo menos, seus segmentos mddios cujos valores sâb<br />

exportados para todo o Brasil atravës principalmente das gran<strong>de</strong>s re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> televisâb)<br />

se transformou <strong>de</strong> radical em m o<strong>de</strong>rna.<br />

Mas, com o se <strong>de</strong>u' esta transformaçâo? Houve, diferentemente do caso <strong>de</strong><br />

Campos do Jordâb, algum tipo <strong>de</strong> mediaç:o, <strong>de</strong> estégio preparatörio, para a p%sagem<br />

<strong>de</strong> 1lm estado <strong>de</strong> tradicionalisnio para um estado <strong>de</strong> vanguarda? O que aconteceu<br />

com os sujeitos que foram submetidos a este processo <strong>de</strong> transformaçâo? E, finalmente,<br />

abordando agora nosso töpico central, o que aconteceu com a fam lia, que ë, por<br />

excelência, o lugar no qual sâb forjadas tanto mentalida<strong>de</strong>s tradidonais quanto mo<strong>de</strong>rnas?<br />

Deixando <strong>de</strong> lado (nâo por falta <strong>de</strong> interese mas, principalmenle, por conta<br />

da complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1zm tema que comporta tantas abordagens - ver, por exem plo,<br />

Costa, 1984,. Figueià, 1985, 1987., Martins, 1979; Velho, 1981) as razöes que levarmn<br />

os gran<strong>de</strong>s centros urbanos brasileiros a mo<strong>de</strong>rnizar-se (entre as quais certamente figuram<br />

o m ilagre econômiéo, as contestaçöes estudantis da dëcada <strong>de</strong> 60 e a sofisticaçâo<br />

dos meios <strong>de</strong> comunicaçâb <strong>de</strong> massa), cabe agora tentar esboçar respostas para pelo<br />

menos algum a <strong>de</strong>stas perguntas.<br />

'<br />

Do ponto èe vista que venho privilegiando, ou seja, o dos sujeitos (homens,<br />

mulheres e c ri anças ' con ' temporâneos) , a transform'açâo aconteceu subitamente. Isto ë,<br />

segundo sua percepçâo, num momento a socieda<strong>de</strong> em que viviam era tradicional e no<br />

momento seguinte hâ havia se modèrnizado.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!