j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

'
2Q3 . .
se vedm pouco. As esparsas visitas cùm os netos também nfo s:o sempre bem-vindu ,
fazem muita bagunp . O caçula de 24 anos mora em casa. Trds anos atrl, o m arido, 6
anos mais velho, sofreu tmz ataque cardfaco e .fez lmn omrawo de safena; j; esté de
novo trabalhando, mas sua vida sodal mudou radicslmente; antes tinham um grande
cfrculo de nmigos, havia muitos convites e davam Fandes jantares, frequentavam
boates, etco nïo flcavam lxma noite sequer sem propama. Hoje em dia o marido pasa
suas horas livres em frente da televisfo. 2 anos atris morreu a mTe de Ana Luisa, com
quem sem pre se deu muito bem. Ana V isa se sente ttvelha'' enche seu tempo indo ao
cabelereiro, faando compms ou jogando baolbo, mas com isto nâb fka contente -
a vida lhe parece sem sentido e e1a se sente oca por dentro. Ficou ultimamente sem
pacidnda e se irrita faeilmente, especinlmente com o marido. Ana lilisa.d frequentemente
doente, tem dores de cabep, dores de coluna e enjoos. Se arrepende amargamente
de ter interrompido seus estudos, pois acha que se tivesse uma profissfo ou 1lm
trabalho se sentizia melhor - mas acha que agora é tarde demais. . . . ,
O outro exemplo d da Vira - ltma viflva de 72 anos. Aos 59 resolveu mudar
seu estilo de vida - prestou um vestiblzlaz e começou a estudar psicologa. Além dos 5
anos bisicos, realizou vârios cursos de espècializaç:o, nâb somente para se tom ar uma
profissional de pdso, mas particularmente porque gosta de aprender - o processo de
aprendizagem em si lhe é mais importante d6 que o resultado - ainda que no caso dela
o resultado tambdm valha. Vera d vitiva e vive söznha; às vezes se sente muito sö,
am sar de )xm reladonamento bom e fntimo com seus ftlhos casados e netos, com seus
cplegas e nmigos. Infelizmente, ve os deles estâb no momento muito doentes e alguns
,e(J
ji faleceram. tmimamente tem refletido mtlito sobre a vida e a morte, buscando na
1. ispiriualidade a hnrmonia do cosmos que a vida caötica do dia a dia encobre de
sombra. '.,'z
E eu? Quando ë que eu me sinto velha? ou melhor: o que coloco no denominador
do sentir-se-velho? O perceber que estou ficando mais lenh ; mais lenta no andar,
no fazer, no pensaz e no falar. Qlmndo estou sozi ' nha isto nTo me incomoda, mas,
qm ndo estou com pessoas que sâo bem mais rfpidas, nâb me sinto capaz de acompanhâ-las.
O perceber que meus sentidos, especislmente a audil o, estro piorando e hem
sempre entendo o que est; sendo dito; às vezes peço que falem mais alto, quando isto
for possfvel e quando nâb fico dem asiadamente envergonhada - outras vezes simplesmente
desligo. Também percebo m inha idade avançada e de uma maneira prazerosa
quando alguëm me cede seu lugar no ôrlibus. Noto tambëm minha idade quando colegas
me tratam de Sra., quando tratam de Vod todos os demais. Daf vejo minha apartncia
espelhada neles e reconhem que minha idade tem um pdso maior do que meu
itatus de colega. Sinto tédio e cansaç,o de viver em momentos em que aiho 4ue minha
vida j; nâo tem mais conteido, quando me sinto inltil e desnecessfria, em uma palavra,
qlmndo estou deprimida - o que alis ë sempre uma reaWo de tun ego inflado.
Nâo me Ninto velha'' qlundo estou empenhada, quando me aceito e me permito de