19.02.2013 Views

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

j *@ - Sociedade Brasileira de Psicologia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

'<br />

estrutura hierfrquica mais normativa e abrangente = os religiosos profissionais. O que<br />

chnm a a atençâb ë a convivdncia alternada <strong>de</strong> formas tâb contrastantes <strong>de</strong> exist:nda<br />

social: uma registrando e normatizando, outra ampliando e libertando as possibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> escolha. O rmrnaval ocupa uma posiçâb intermedio a entre o teatro e a vida, entre a<br />

verda<strong>de</strong> e o faz. <strong>de</strong> conta; a correspon<strong>de</strong>nte ambiguida<strong>de</strong> da figura do foliâo que representa<br />

o papel que lhe é . prescrito <strong>de</strong> cara limpa e se mascara para Eçser e1e mesmo'' 'su-<br />

gere qu4 As relaçöes entre l<strong>de</strong>rarquia e individualizaçâo sâb bem mais complexnK do que<br />

supGe D lzm ont. : , . ' .<br />

Firmlmente, me <strong>de</strong>terei 1m pouco sobre a figura do adstocrata <strong>de</strong> corte,<br />

que recebeu um tratamento <strong>de</strong>talhado na obra <strong>de</strong> Norbert Elias (1985). Eli% <strong>de</strong>screve<br />

o processo histörico <strong>de</strong> concentraçâb do po<strong>de</strong>rpolftico, rnilitar, fiscal e linanceiro que<br />

levou à formaçâb das gran<strong>de</strong>s cortes europëias ao mesmo tempo que eliminava a autonomia<br />

das casas senhoriais. Os nobres progressivamente foram -se mudando para perto<br />

do Rei e costumavam passar llma parte do tempo hospedados na casa real. O exemplo<br />

paradm âtico foi a corte <strong>de</strong> Lufs XlV. Nesta vida cortds, a <strong>de</strong>penddncia absoluta em<br />

relaçâb à vonta<strong>de</strong> real engendrog uma hierarquia sutilfssima e altnmente diferenciada<br />

porque a posiçâb <strong>de</strong> cada um nâb <strong>de</strong>pendia apenas do nasdmento e da tradiçâo, mas<br />

variava conjunturalmente. Ocore a ritualizaçâb <strong>de</strong> todas as relaçGes corteses resultando<br />

no impërio da etiqueta. O dom fnio das regras <strong>de</strong> convivdnciay .a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmitir<br />

e <strong>de</strong>cifrar mensagens, a manipulaçâb das im agens tornaram-se essendaias para garantir<br />

e manter o sucesso na corte. A vida cortds transformou-se aos poucos numa gran<strong>de</strong><br />

representaçlo em que muitos atos (por exemplo, o <strong>de</strong>spertar real) sro dia apôs dia<br />

encenados ritualisticamente. Este mo<strong>de</strong>lo se difundiu por toda a socieda<strong>de</strong> nobre e nas<br />

residdncias urbanas da nobreza form avnm -se socieda<strong>de</strong>s que, em miniatura, imitavnm a<br />

corte real. .<br />

.<br />

. O que Norbert Elias explora habilmente. sâb as consequências sociopsicolögi-<br />

cas d o regime em termos <strong>de</strong> increm ento na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observaçâb dos 'outros, <strong>de</strong><br />

auto-observaçâo, ',contençâb <strong>de</strong> impulsos, m o<strong>de</strong>laçâb <strong>de</strong> condutas, enfim , em termos <strong>de</strong><br />

autodomfnio e auto-conhecimento. O nobre, e o rei em primeiro lugar, <strong>de</strong>ve ser um<br />

exfmio msnipulador das apardncias, um arguto psicolögico, seja para transpor as disimulaçôçs<br />

alheias, seja para exercer sobre si mesmo o controle requerido. A vida na cort:<br />

ensina psicologia, inculca as habilida<strong>de</strong>s ç fornece a linguagem para a observaçâo e<br />

interpretaçâo dos outros e <strong>de</strong> si, o que resulta num a aguda consddncia <strong>de</strong> cada 1lm enqlnnto<br />

indivfduo entre indivfduos. . .<br />

.<br />

.<br />

, . Um dos mais interessantes capftulos do livro <strong>de</strong> Elias trata <strong>de</strong> como as capacida<strong>de</strong>s<br />

que a corte <strong>de</strong>senvolve nos homens po<strong>de</strong>m-se voltar contra ela, na forma <strong>de</strong> uma<br />

nokal#a romotica. Nestas fantasi% opôem-se o representado da cultura - o disimu-<br />

'<br />

.<br />

'<br />

-'<br />

.<br />

lado -. ap autdptico da natureza. Observa-se, em <strong>de</strong>corréncia, a voga <strong>de</strong> uma literatura<br />

pptoril em que as velhns virtu<strong>de</strong>s fidalgas (in<strong>de</strong>penddncia, sincerida<strong>de</strong>, etc) que jâ n:o<br />

R po<strong>de</strong>m encarar no cortesâb, expressam -se, i<strong>de</strong>alizadas, pelas bocas igualmente estili-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!